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Delator recebeu R$ 72 milhões em conta aberta pelo filho na Suíça

Os três filhos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado fecharam acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jun 2016, 20h02

Assim como o pai, os três filhos do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado fecharam acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal. Daniel Firmeza Machado, Sergio Firmeza Machado e, sobretudo, Expedito Machado da Ponte Neto, relataram aos procuradores da Operação Lava Jato quais empreiteiras e empresas pagaram propinas em contratos com a subsidiária da Petrobras presidida por Machado entre 2003 e 2014. Os relatos dos irmãos Machado ao MPF foram homologados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, em maio.

Filho mais novo de Machado e braço direito dele na contabilidade da propina, o operador de fundo de investimentos Expedito Neto, conhecido como Did, confirmou que o pai repassou dinheiro desviado da Transpetro ao ex-presidente José Sarney (PMDB-MA) e aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PA). “Eu mantinha o controle de cada valor recebido para prestar contas ao meu pai”, revelou o rapaz de 31 anos em seu acordo de colaboração.

Segundo Expedito, Machado recebeu, por meio de uma conta aberta por seu irmão Sérgio no HSBC Zurich, na Suíça, cerca de 44,7 milhões de reais em propinas das empresas Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Devaran International e Irodotos Navigation. “A Queiroz Galvão e Camargo Corrêa, sócias no Estaleiro Atlântico Sul, durante os anos de 2007 e 2008, transferiram, a pedido do seu pai, a quantia de R$ 18.311.130,06”, relata Expedito Neto em sua delação premiada.

De acordo com o filho de Machado, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa informaram ao ex-presidente da Transpetro que somente fariam os pagamentos no exterior, o que teria levado a família a abrir a conta no HSBC suíço. O dinheiro dragado de contratos fraudados com a subsidiária da Petrobras era distribuído por meio de offshores e circulou por contas nas Bahamas e na Alemanha, além de um trust no banco Julius Baer, na Suíça, segundo descreveu Expedito.

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Até 2012, segundo o filho de Sérgio Machado, a conta no HSBC aberta para receber propina acumulava cerca de 72 milhões de reais. Além dos recursos desviados da Transpetro, Machado também havia recebido 28 milhões de reais da HR Financial Services, do bilionário colombiano Germán Efromovich, dono da companhia aérea Avianca. “Germán Eframovich e o pai do depoente foram se aproximando, a ponto de, em dado momento, o pai do depoente haver pedido a Eframovich propina na base de 2% dos contratos firmados pelas empresas dessa pessoa com a Transpetro”.

Expedito Neto relata, no entanto, que “German se negou, disse que não dava apoio a político, mas indicou que estaria disposto a apresentar investimentos não relacionados à Transpetro” nos quais Machado poderia obter um retorno de, no mínimo, o valor pedido em propina. Como resultado, Expedito firmou um acordo de investimento com a empresa de Eframovich em ativos de extração de petróleo no Equador, que rendeu os 28 milhões de reais à conta suíça dos Machado graças a uma multa prevista em um dos termos do contrato.

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O homem da mala – O filho primogênito de Sérgio Machado, Daniel Firmeza Machado, explicou aos procuradores como se davam os serviços do advogado cearense Felipe Parente, o responsável por coletar e entregar dinheiro de propina em espécie a políticos, conforme revelou VEJA há duas semanas.

Daniel relatou que Parente era o tesoureiro da fracassada campanha de Machado ao governo do Ceará, em 2002, e, a partir de 2004, um ano eleitoral com “movimentação mais intensa de recursos”, passou a fazer as vezes de homem da mala do ex-presidente da Transpetro.

Segundo o filho de Machado, “Felipe Parente recebia um fee [comissão] de cinco por cento, salvo engano, em relação aos valores movimentados; que o auxílio de Felipe Parente ao pai do depoente teve início em 2004 e se estendeu até 2007/2008; que, em 2007, o pai do depoente entendeu que não havia necessidade de um intermediário para fazer a movimentação dos valores entre as empresas e os políticos e dispensou o trabalho de Felipe Parente”

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