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Cunhada ajudou a sustentar Abdelmassih no exterior

Irmã da mulher do ex-médico, Elaine Sacco integra cúpula da rede que financiou a vida de luxo do criminoso durante o período de clandestinidade no Paraguai

Por Mariana Zylberkan
22 ago 2014, 01h43

Era numa farmácia na cidade paulista de Jaboticabal (75.000 habitantes, a 360 km de São Paulo) que a rede de apoio ao ex-médico Roger Abdelmassih planejava como enviar dinheiro para que um dos fugitivos mais procurados do país mantivesse uma vida de luxo em Assunção. A portas fechadas, após o expediente, Elaine Sacco Khouri, irmã de Larissa Sacco, mulher do médico-monstro, se reunia com Sergio Molina Junior, o contador, e Dimas Campelo Maria, que atuava como auxiliar administrativo, para organizar como mandar a remessa de reais ao Paraguai. O esquema é investigado pelo Ministério Público de São Paulo e agora pela Polícia Federal, já que Abdelmassih virou um caso da Interpol, a polícia internacional, ao ser detido em território estrangeiro.

Segundo as investigações, Sergio Molina recebia todo dia 15 do mês do advogado Sergio Luis Freitas da Silva, que atua em Avaré, cidade vizinha a Jaboticabal, uma lista dos depósitos e transferências bancárias para serem executadas. O destino: uma conta bancária de Larissa Sacco, mulher de Abdelmassih, com quem ele vivia secretamente no exterior com um casal de filhos gêmeos. As informações foram descobertas por um grupo de vítimas dos abusos de Abdelmassih, que se reuniram para desvendar o paradeiro do ex-médico. O grupo compartilhou suas descobertas com as polícias civil e federal e com o Ministério Público. “Eu fiz tudo isso para ajudar a polícia, estava demorando demais para ele ser preso de novo”, diz a estilista Vanuzia Lopes, de 54 anos, líder do grupo.

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Empresa de fachada – Além da ajuda de familiares da mulher do ex-médico, a investigação apura a participação de profissionais especializados em administrar empresas de fachada e operar esquemas de lavagem de dinheiro. No centro da investigação está a empresa Agropecuária Colamar, constituída em outubro de 2010 pela mulher de Abdelmassih e pela cunhada do criminoso, Elaine Sacco, como sócia minoritária. A empresa é suspeita de ter feito contratos de fachada.

A Agropecuária Colamar, cuja finalidade declarada é o cultivo de laranja, em Jaboticabal – cidade das irmãs Sacco -, foi aberta um ano antes de Abdelmassih ter sido condenado pela Justiça brasileira a 278 anos de prisão pelo estupro de pacientes. O ex-médico era, à época, uma das maiores autoridades no país em fertilização em vitro.

O fluxo de dinheiro entre a Colamar e Abdelmassih foi garantido por uma procuração assinada por Larissa em novembro de 2010, na qual ela transferiu à irmã poderes de administrar todos os seus bens – e suas contas bancárias. Dois meses depois, Abdelmassih fugiu após ter a prisão decretada. Preso em agosto de 2009, ele obteve um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) meses depois.

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De acordo com as investigações, Abdelmassih também carregava grande quantidade de dólares em espécie – era comum ele oferecer desconto a casais que pagavam o tratamento de fertilidade, orçado em 50.000 reais nos anos 1990, em notas da moeda estrangeira. Testemunhas dos processos contra o ex-médico que frequentaram a antiga clínica relataram que ele guardava o dinheiro dentro de capas de raquetes de tênis no consultório – depois recolhidas por doleiros.

Na clandestinidade, Abdelmassih tinha uma vida discreta e saía pouco de sua mansão. Mas não descuidava, por telefone, da produção de suas fazendas de laranja no interior de São Paulo.

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Prisão – Ligações interceptadas com autorização judicial de pessoas próximas a Abdelmassih levaram os investigadores ao endereço secreto do médico em Assunção, no Paraguai. A pista definitiva da Polícia Federal para encontrá-lo foi o relato de uma brasileira frequentadora de uma igreja que o reconheceu, segundo relato do próprio Abdelmassih em entrevista à Rádio Estadão.

Roger Abdelmassih foi colocado em cela destinada a presos em quarentena no presídio de Tremembé, no interior de São Paulo. É onde os condenados recém-chegados passam ao menos duas semanas sem contato com outros presos e só recebem visitas de seus advogados.

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) recebeu recomendação da Polícia Federal para manter o ex-médico afastado de objetos que possam ser usados para cometer suicídio.

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