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Cunha dava ‘palavra final’ na diretoria internacional da Petrobras, diz novo delator

Em junho, presidente da Câmara dos Deputados foi acusado pelo Julio Camargo de ter recebido U$ 5 milhões em propina em contratos da Petrobras

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 set 2015, 12h31

Mais um investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato fechou acordo de delação premiada – e, novamente, o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi citado. O ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo Musa afirmou que cabia a Cunha, como parlamentar, dar a “palavra final” nas decisões da diretoria internacional, na época comandada pelo atual réu no petrolão Jorge Zelada. Cunha já foi acusado pelo lobista Julio Camargo de embolsar 5 milhões de dólares em propina em contratos de navios-sonda com a Petrobras.

Em depoimento em acordo de delação premiada, Musa disse que coube ao lobista João Augusto Henriques, preso na 19ª fase da Lava Jato, emplacar Zelada na cúpula da petroleira, embora fosse de Cunha a influência direta sobre a gestão da companhia. “João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar Jorge Luiz Zelada para diretor Internacional da Petrobras com o apoio do PMDB de Minas Gerais, mas que dava a palavra final era o deputado federal Eduardo Cunha, do PMDB/RJ”, diz trecho da delação premiada do ex-gerente da Petrobras. Por meio de sua assessoria, Eduardo Cunha disse que não conhece o delator Eduardo Musa.

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Jorge Zelada, sucessor de Nestor Cerveró na petroleira, é réu na Lava Jato por indícios de ter recebido propina para beneficiar a empresa americana Vantage Drilling no contrato de afretamento do navio-sonda Titanium Explorer. Além de Zelada, também se tornaram réus o ex-diretor geral da área Internacional da estatal Eduardo Musa e o lobistas Hamylton Padilha, ambos delatores do petrolão, e os lobistas Raul Schmidt Felippe Junior, João Augusto Rezende Henriques e o executivo Hsin Chi Su.

Segundo a acusação do Ministério Público, pelo menos 31 milhões de dólares do esquema foram parar nas mãos de Zelada, de Musa e do PMDB, responsável pelo apadrinhamento político do ex-dirigente. No esquema, os lobistas Hamylton Padilha, Raul Schmidt Junior e João Augusto Rezende Henriques atuavam como intermediários da negociação, sendo que cabia a Padilha pagar a parte destinada a Eduardo Musa, a Raul Schmidt depositar a propina reservada a Zelada e a João Augusto Henriques pagar o dinheiro sujo ao PMDB. De acordo com o delator, “Henriques ficaria encarregado do pagamento de vantagem indevida pelo apoio recebido do PMDB” e Jorge Zelada foi expressamente citado a ele como beneficiário de propina no esquema.

As suspeitas de propina envolvendo a empresa Vantage, base para o oferecimento da denúncia contra Zelada – e recentemente transformada em ação penal – foram reforçadas pelas revelações do novo delator da Lava Jato. Aos procuradores em Curitiba, Musa disse que recebeu 500.000 dólares em propina em 2009 para ajudar a empresa e que o acerto do dinheiro sujo foi feito com João Augusto Henriques e com o próprio Jorge Zelada. O delator afirmou ainda que o lobista Hamylton Padilha confirmou que “havia um esquema montado para que a Vantage obtivesse o contrato” e que a transação estava sendo organizada por Henriques. Na versão de Musa, “Zelada falou que iria receber propina para a contratação da sonda Vantage”.

Ao MP, Eduardo Musa descreveu parte das atividades do lobista João Augusto Henriques e disse que ele não possuía uma “atividade empresarial produtiva” e atuava essencialmente na intermediação de parte dos negócios com a Petrobras e na intermediação de propina. Segundo o delator, entre as obras “contaminadas” por dinheiro sujo na Petrobras estavam a refinaria de Pasadena, no Texas, os navios-sonda Petrobras 10000 e Vitoria 10000 e contratos de montagem de módulos para plataformas da Petrobras, com a participação da empresa OSX, do multibilionário Eike Batista, e da empreiteira Mendes Junior. Apenas neste último caso, disse, o acordo previa o pagamento de cerca de 5 milhões de reais em propina para que Henriques fornecesse “informações privilegiadas dentro da Petrobras para orientar a formação de proposta técnica”.

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