CPI do Cachoeira começa a ganhar corpo
Coleta de assinaturas está na fase final e partidos começam a indicar integrantes para a comissão - apesar da má-vontade de algumas legendas
Apesar da falta de empenho de alguns partidos, a CPI do Cachoeira começa a ganhar corpo no Congresso. O Senado já ultrapassou o mínimo necessário para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito – 27 assinaturas. Foram recolhidas até agora sessenta assinaturas – quinze só da oposição. A Câmara mantém a coleta descentralizada. Mas tudo indica que o mínimo de 171 apoios já foi atingido. Só no PT, foram cerca de 60 assinaturas até agora. No DEM, mais 23. O requerimento com a assinatura de deputados e senadores deve ser oficializado no fim da manhã de quinta-feira. Até lá, os parlamentares ainda podem assinar o texto.
Os partidos também começaram a formalizar nesta terça suas indicações para compor a comissão. Na Câmara, o PSDB já definiu Carlos Sampaio (SP) como um de seus nomes no colegiado. Outros titulares serão Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Rubens Bueno (PPS-PR) e Maurício Quintela Lessa (PR-AL). Mendonça Prado (DEM-SE), Sarney Filho (PV-MA) e Ronaldo Fonseca (PR-DF) serão suplentes.
Já o PT ainda não bateu o martelo sobre as indicações. Mas o líder da bancada petista na Câmara, Jilmar Tatto (SP), reage à acusação de que o partido pretende esvaziar a CPI: “A oposição não tem discurso e nem projeto para o país”, ataca. Segundo ele, a instalação da CPI é “uma questão de horas”.
No Senado, o PSDB convidou Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), tradicional oposicionista, para ocupar uma das quatro vagas originalmente reservadas aos tucanos. Falta decidir se ele será titular ou suplente da bancada. Ambos os cargos dão direito a um assento na comissão, permitem o uso da palavra e a coordenação de relatorias. Mas o substituto só vota quando o titular está ausente.
Caminho sem volta – A agilidade de alguns partidos em escolher os integrantes da CPI também mostra que, apesar dos receios sobre o desgaste causado pela investigação, as legendas consideram a abertura da comissão um caminho sem volta. Uma das táticas de esvaziamento da CPI costuma ser a protelação na indicação dos membros. Parece não ser o caso.
O passo seguinte será a leitura do relatório da CPI em plenário. Como a comissão será mista, com senadores e deputados, será necessário convocar uma sessão conjunta do Congresso Nacional. Com José Sarney (PMDB-AP) se recuperando de uma cirurgia cardíaca, a tarefa deve ser cumprida pela vice-presidente do Congresso, Rose de Freitas (PMDB-ES). Em tese, a instalação formal da CPI poderia ocorrer já nesta quarta-feira. Mas a leitura do requerimento não ocorrerá em menos de uma semana.
A comissão, criada para investigar a atuação da quadrilha comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, será composta por 15 senadores e 15 deputados titulares, além de um número igual de suplentes. O prazo de encerramento da investigação é de até 180 dias.