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Complexo do Alemão recebe as duas primeiras UPPs

Na inauguração das unidades, secretário José Mariano Beltrame faz uma ressalva: "A UPP não é a solução para todos os problemas", disse

Por Rafael Lemos
18 abr 2012, 12h42

“Quando chegamos, encontramos área devastada. Empresas deixaram a região pelo pânico. Sem capitalismo, não há justiça social. Quando chega a paz, tudo se inverte”, disse Sérgio Cabral

Com áreas ainda ocupadas por militares do Exército, as favelas do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, receberam hoje as duas primeiras Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas pelo governo do estado com policiais militares recém-saídos da academia. As duas primeiras unidades foram inauguradas em contêineres, nas favelas Fazendinha e Nova Brasília, junto às estações do teleférico que liga os morros da região. A previsão do governo do estado é de que, até o fim de junho, os complexos do Alemão e da Penha tenham um total de oito UPPs.

As duas primeiras UPPs terão 660 policiais ao todo, comandadas por dois oficiais experientes, ambos com 12 anos de Polícia Militar. Na Fazendinha, o comandante será o capitão Ronaldo Salgado Claudino, 33 anos. Na Nova Brasília, o escolhido pelo comando foi o também capitão Márcio Ferreira Rodrigues, 35 anos.

O governador Sérgio Cabral, que fez das UPPs uma marca de seu governo – o programa foi amplamente explorado na campanha que o reelegeu – aproveitou a solenidade para defender o programa e falar de melhorias que o processo de ‘pacificação’ traz para os moradores. Cabral também fez elogios ao Exército, que ocupou a região num momento em que não havia policiais disponíveis para a missão. “O Exército se comportou de forma cívica. Casos isolados ocorreram, mas não mancham trabalho feito aqui”, disse, referindo-se a incidentes como denúncia de abusos de militares e aos tiroteios que ocorreram mesmo após a ocupação.

“Quando chegamos, encontramos área devastada. Empresas deixaram a região pelo pânico. Sem capitalismo, não há justiça social. Quando chega a paz, tudo se inverte”, disse Cabral.

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O programa das UPPs passa por um momento delicado. Na Rocinha, houve 12 assassinatos nos últimos dois meses. O último deles na tarde de terça-feira. Como mostrou uma reportagem de VEJA, a secretaria de segurança abriu procedimento para investigar o recebimento de propina por policiais que chegaram à favela depois da ocupação que prendeu integrantes da quadrilha de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Se confirmada a suspeita de pagamento de um “mensalinho” aos bandidos, será a prova de que a corrupção policial, naquela região, é algo mais complicado do que supunham as autoridades.

Interior – Antevendo possíveis críticas ao programa, principalmente em função da onda de crimes que ocorre em áreas sem UPPs, o secretário de segurança do estado, José Mariano Beltrame, foi mais comedido. : “Sabemos que a UPP ainda tem que chegar a muitos lugares. Mas repito: a UPP não é a solução para todos os problemas. É solução onde temos o crime muito recrudescido, mas também temos a cidade, que tem sua vida, e da qual temos que cuidar”, disse Beltrame.

Moradores de Niterói, cidade a 13 quilômetros do Rio, reclamam que, com a expansão das UPPs na capital, criminosos teriam se escondido em favelas daquela cidade, causando um aumento na criminalidade. No mesmo período, a cidade perdeu policiais. Depois da criação das UPPs, praticamente 100% dos policiais formados são destinados a esse tipo de unidade. Niterói, em contrapartida, perdeu efetivo policial. Entre os crimes que mais assustam a cidade estão os roubos de carro. Enquanto na capital os roubos aumentaram 6% durante os últimos seis meses, em Niterói, São Gonçalo e cidades da região esse percentual chegou a 76%.

Sérgio Cabral afirmou que a cidade não está esquecida. A cidade, depois da onda de crimes, recebeu um anúncio apressado de um “plano de segurança”. Como não há UPPs, foi adotada uma solução parecida: destacamentos da PM em duas favelas. “O planejamento em Niterói está sendo seguido à risca. Se não resolverem, vamos criar UPP”, disse Cabral. Na capital, é o município quem arca com as gratificações destinadas aos policiais das UPPs. A criação de unidades em outras cidades, portanto, não depende só de uma ação do estado.

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