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Como e por que um prédio desaba

Obras, falta de manutenção e terreno frágil contribuem para quedas como a que ocorreu no Rio. Infográfico mostra quais situações levam um imóvel a ruir

Por Carolina Freitas e Branca Nunes
27 jan 2012, 16h09

Como em um acidente aéreo, os fatores que levam um prédio a desabar são múltiplos. A engenharia tem técnicas e práticas para dar margem de segurança a uma construção. Assim, uma falha pode ser compensada por fundações e estruturas bem projetadas e bem executadas. E a edificação fica de pé. Quando erros se acumulam, no entanto, a tragédia espreita. Foi o que aconteceu na noite de quarta-feira no Centro do Rio de Janeiro, quando o Edifício Liberdade, de vinte andares, ruiu e levou abaixo dois prédios vizinhos – um sobrado de quatro andares e o Edifício Colombo, de dez andares. Até agora, os bombeiros retiraram dos escombros os corpos de onze pessoas. As autoridades ainda investigam o que causou o desabamento. Especialistas ouvidos pelo site de VEJA apontam três fatores que contribuíram para a tragédia: obras irregulares, falta de manutenção e um terreno frágil. “O desabamento de um prédio é algo excepcional. É preciso que haja um conjunto de fatores para que isso ocorra”, diz Paulo de Mattos Pimenta, professor do Departamento de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Dois andares do Edifício Liberdade passavam por obras. Uma delas, no 3º piso, começou há seis meses. Ali, segundo relatos dos funcionários, foram retiradas todos os pilares e paredes. As reformas não tinham registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). Os pilares e as vigas são as estruturas de sustentação mais importantes de um prédio e não podem ser retiradas em hipótese alguma. As paredes, muitas vezes, têm também uma função estrutural. Por isso, quando se vai fazer uma reforma, é fundamental verificar a planta do local e medir o risco da intervenção. “Há paredes com função portante, ou seja, que ajudam a sustentar o prédio. Elas não podem ser retiradas”, diz o engenheiro e professor da Universidade de Brasília (UnB) Dikran Berberian. Continue a ler essa reportagem.

Além disso, é preciso levar em consideração que o Edifício Liberdade foi construído na década de 1940. Desde então, deveria ter passado por sete vistorias minuciosas para manutenção: a recomendação técnica é fazer o acompanhamento a cada dez anos, no mínimo. As autoridades ainda não sabem se os procedimentos, que são responsabilidade da administração do condomínio, estavam em dia. Mattos Pimenta, da USP, acredita que as estruturas do prédio estavam em um processo de corrosão que passou despercebido pelos ocupantes do edifício. “A manutenção identificaria um problema como esse”, diz o professor. Com esse risco latente, qualquer alteração na estrutura é problemática. “No Brasil, constrói-se muito bem, mas as pessoas esquecem que obra precisa de manutenção”, afirma Berberian, da UnB. Há de se considerar ainda que o prédio foi construído sobre uma área aterrada, onde, até o século XVII, havia uma lagoa. Construções em terrenos frágeis – arenosos ou moles – exigem fundações mais profundas e sólidas. Como uma implosão – O Edifício Liberdade desmoronou como um castelo de cartas e os destroços que caíram da parte mais alta – que colapsou sobre os andares mais baixos – derrubaram os dois prédios vizinhos. Esse tipo de queda geralmente acontece quando o incidente é causado por problemas estruturais. “É como se o prédio estivesse sendo implodido”, explica o professor da USP Mattos Pimenta. Já problemas nas fundações – as sustentações que ficam debaixo da terra – fazem com que a edificação tombe, ou seja, caia para os lados, para frente ou para trás. No Rio de Janeiro, o trabalho da perícia só começará quando forem concluídas as buscas por vítimas. A Polícia Civil abriu inquérito e o delegado titular da 5ª Delegacia de Polícia, de Mem de Sá, Alcides Pereira, está ouvindo as testemunhas. As autoridades buscam agora explicações para o incidente. Espera-se que tragam também uma lição para que tragédias como essa não se repitam.

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