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“Minha perícia condena Mizael”, afirma perito

Renato Domingues Pattoli fez análise no local onde foram encontrados o corpo e o carro da advogada Mércia Nakashima

Por Da Redação
13 mar 2013, 11h53

O tribunal do júri que julga o ex-policial militar Mizael Bispo de Souza, acusado de ter matado em 2010 a ex-namorada Mércia Nakashima, se reúne pela terceira vez nesta quarta-feira. Transmitido ao vivo, o júri começou com o depoimento da terceira testemunha da defesa, o perito do Instituto de Criminalística de São Paulo, Renato Domingues Pattoli. Foi ele quem fez as análises no carro da vítima e na represa de Nazaré Paulista, no interior paulista, onde Mércia foi encontrada morta.

Embora tenha sido convocado pela defesa, Pattoli afirmou, na saída do tribunal, que acredita na culpa do réu. “Minha perícia condena Mizael”, afirmou. “Não tenho dúvidas”.

Pela defesa, o perito foi indagado sobre detalhes da perícia e da reconstituição do crime feita com base no relato de uma testemunha que está sob proteção. Pattoli destacou que o avançado estado de decomposição do corpo de Mércia dificultou alguns aspectos do trabalho da perícia, como a coleta de materiais que poderiam levar ao assassino. O perito foi a terceira testemunha a afirmar que o sapato de Mizael “esteve na represa” pelas algas encontradas na sola. Um dos advogados então questionou se as algas poderiam ser de “outra represa”, no que a testemunhas disse que sim. “Doutor, seu cliente disse que não esteve em nenhuma represa. O senhor agora está contrariando seu cliente?”, interferiu o assistente de acusação, Alexandre de Sá Gomes.

A defesa insistiu em análises que não foram realizadas pela perícia, como no rastreador do carro de Mizael. “Eu faço o que me é solicitado pela autoridade policial. O perito não se mete na investigação nem diz ao delegado o que tem de ser feito”, respondeu Pattoli. Ao ser questionado por que não foi realizada uma perícia no carro de Evandro Bezerra, acusado de coautoria do crime, e seria o veículo que tirou Mizael da represa, o perito afirmou que tanto ele como o delegado buscaram pelo carro, mas não o encontraram. Evandro ficou foragido após o crime. “Parece que até hoje não foi localizado o carro.”

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O perito afirmou que a pessoa que atirou em Mércia estava dentro do carro, no banco do carona. “A marca de chamuscado mostra que foi um disparo a curta distância”. No veículo foram encontrados dois projéteis, mas pode ser que houve mais disparos.

Acusação – Durante seu questionamento, o promotor Rodrigo Merli perguntou por que, se Mércia morreu dentro do carro, seu corpo não estava no veículo quando os bombeiros o retiraram da represa. Pattoli afirmou que, como a janela do motorista estava aberta, o cadáver provavelmente saiu no momento em que o carro estava sendo tracionado. “A visibilidade era de um palmo”, disse. “O bombeiro que acompanhou a retirada não deve ter visto quando o corpo saiu”.

Pattoli afirmou ter certeza absoluta de que Mércia faleceu dentro do veículo. Uma prova disso é a quantidade de cabelo encontrada no carro. “Depois dos disparos, o veículo foi empurrado para dentro da represa, quando ocorreu a morte por afogamento”, afirmou.

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O promotor também perguntou se existe a possibilidade de Mizael ter usado um silenciador para abafar o barulho dos disparos – uma das testemunhas afirma que não escutou os tiros. “Ele pode ter usado uma jaqueta, um travesseiro, uma almofada ou qualquer outro tipo de silenciador”, respondeu Pattoli. “Assim, uma testemunha do outro lado da represa jamais escutaria os disparos”.

Embora tenha reafirmado que a terra encontrada no sapato de Mizael não era compatível com a da represa, Pattoli confirmou que a alga é a mesma. “A terra não ser compatível não significa que ele não esteve na represa”. Pattoli também disse que os projéteis de arma de fogo encontrados na casa de Mizael têm uma liga metálica semelhante aos encontrados no carro da vítima.

A expectativa é que nesta quarta-feira termine os depoimentos das testemunhas de defesa. Falta falar ainda Osvaldo Negrini Neto e Eduardo Zocchi. Hélio Ramacciotti, testemunha arrolada pelo juiz Leandro Bittencourt Cano, também deve falar. O depoimento de Mizael é esperado para esta quinta-feira.

O segundo dia do júri de Mizael, nesta terça, foi marcado por provocações entre acusação, defesa e o delegado Antonio de Olim, que comandou as investigações do caso e foi o primeiro a depor. O delegado disse não ter dúvidas de que Mizael matou Mércia. Os advogados de defesa exploraram questões pontuais para tentar levantar dúvidas entre os jurados sobre o trabalho de Olim à frente do caso. Samir Haddad Júnior disse que o policial não deu importância a pessoas que surgiram com outras versões para o crime. Assim que deixou o júri, o delegado afirmou que estava tranquilo. “Falei só a verdade. Quem tem que contar história e mentira são eles”, disse.

Depois de Olim, foi ouvido Arles Gonçalves Junior, presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), que negou ter visto qualquer ato de tortura contra o vigia Evandro Bezerra – apontado como cúmplice de Mizael – durante as investigações. Rita Maria de Souza, amiga de Mizael e a primeira testemunha de defesa, falou sobre a relação do réu com Mércia.

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(Com Estadão Conteúdo)

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