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Começa a última semana do PT com Sérgio Cabral

Novo presidente do partido no Rio, Washington Quaquá, prefeito de Maricá que enfrenta uma série de processos por improbidade, anuncia fim da aliança e acusa governador peemedebista de retaliação. Parceria com Paes continua

Por Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 nov 2013, 07h17

“O MP exagera, às vezes. Por exemplo, fiz uma cartilha ensinando crianças a acessar a internet. Recebi processo porque a cartilha citava meu nome uma vez. É tudo bobagem”

Depois de quatro meses ameaçando sair do governo do PMDB, o PT do Rio de Janeiro, enfim, marcou uma data para o rompimento. Será na primeira semana de dezembro, sob o comando do recém-eleito presidente regional do partido, Washington Quaquá, também prefeito de Maricá, na Região Metropolitana. Abandonar Sérgio Cabral implica em perder as secretarias de Meio Ambiente e Assistência Social e colocar em xeque as nomeações de mil petistas nos governos estadual e municipal. Quaquá, apesar dos riscos, mantém-se firme no projeto, e estreará no cargo tendo como ato número 1 a assinatura do divórcio entre os dois partidos. A medida tranquiliza o senador petista Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do estado, e estabelece um racha na base de apoio de Dilma Rousseff.

Eleito há duas semanas com 15.499 votos contra 10.897 de Benedita da Silva, Quaquá acusa o governo Cabral de retaliação e faz críticas às recentes movimentações evangélicas de Lindbergh: “Silas Malafaia não pode ser o símbolo do diálogo do PT com os evangélicos”, avalia. Doações para o partido e alianças – “Francisco Dornelles é o meu vice preferido” – também estão na agenda do novo presidente para os próximos meses.

Com poder e influência crescentes no PT fluminense, Quaquá diz estar à vontade para lidar com as críticas e denúncias a que responde desde a posse, em 2009. A espontaneidade e confiança são tão elevadas que o petista hoje fala diretamente com os eleitores de Maricá via Facebook – já chegou a bater boca com um internauta que o chamou de ladrão. Sobra tempo até para palavras de solidariedade a José Dirceu e, inclusive, uma promessa de visita na prisão. Acompanhe os melhores momentos do bate-papo com o número um do PT-RJ:

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O PT sai do governo Cabral, mas continua com Eduardo Paes? Sim. Com o Eduardo o diálogo é completamente diferente. Com o Cabral isso não acontece. Nunca fomos chamados para discutir políticas públicas.

Peemedebistas estimam em cerca de mil o total de filiados do PT presentes nos dois governos. É esse o número? Não sei, vou fazer um cruzamento do número de filiados com os cargos comissionados no governo Cabral. Não vai ficar ninguém no Estado.

Houve quem acreditasse que a sua vitória na eleição do PT no Rio poderia indicar o apoio a Luiz Fernando Pezão em 2014. Houve essa possibilidade? Não sei da onde tiraram isso. Encontrei o Marco Antônio (filho de Cabral) no meio do ano e deixei claro que meu candidato em 2014 seria o Lindbergh. Cabral fez um bom governo, mas não avançou no ritmo que desejamos. Queremos um governo para o povo, para os pobres, e essa não foi a tônica do atual governo. E aí eles passaram a me retaliar. Pararam de repassar dinheiro para a manutenção da UPA que eles construíram em Maricá. Banco quase sozinho a unidade, tenho ajuda da União, apenas. Na segurança, Maricá também piorou muito com a migração de bandidos do Rio de Janeiro. Fui pedir mais policiais para o (José Mariano) Beltrame e ele disse que não dava, que a prioridade eram as UPPs.

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São quatro candidatos despontando nas pesquisas no Rio (Lindbergh, Anthony Garotinho, Marcelo Crivella e Luiz Fernando Pezão). Quais as principais alianças no horizonte do PT? Acho que ainda há possibilidade de conversa com o PRB do Crivella. Também acho que poderíamos ter um bom papo com o (Francisco) Dornelles. Seria um belo vice para o Lindbergh.

Lindbergh gostaria de montar um palanque duplo no Rio para Dilma e Eduardo Campos. Isso é possível? Nem pensar. Eduardo foi demais para o campo da oposição, não tem como fazer essa aliança no Rio.

O PT está preparado financeiramente para uma campanha dessas aqui no Rio? Vamos buscar doações como sempre, mas já adianto que não aceitaremos recursos de empresas de ônibus. Também já avisei ao Lindbergh que só aceitaremos dinheiro por dentro, sem caixa dois.

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VALE ATÉ REZAR - Lindbergh sobe ao púlpito ao lado do pastor Malafaia: maratona para ganhar terreno entre evangélicos
VALE ATÉ REZAR – Lindbergh sobe ao púlpito ao lado do pastor Malafaia: maratona para ganhar terreno entre evangélicos (VEJA)

Lindbergh no momento tem priorizado as visitas às igrejas nos fins de semana. Foram 63 encontros em quatro meses. O que acha da aproximação com os evangélicos? Pegou mal no PT a foto do Lindbergh com o (pastor Silas) Malafaia. Não há problema em ter apoio dele, isso não se nega. Mas não era preciso uma foto dos dois juntos. É a “teologia da prosperidade”, não podemos ter nele o símbolo de nossa aproximação com os evangélicos. A deputada Benedita da Silva, que tem ótima interlocução com o segmento, vai passar a marcar encontros do Lindbergh com pastores para selarmos essa aproximação.

O senhor acredita que mensalão será usado pelos adversários na campanha do Rio? Acho que temos de enfrentar a questão de frente. Tenho pesquisas que mostram que entre 60% e 65% da população consideram o PT igual aos outros partidos e quase 25% nos acham melhores. Não temos que ter medo. Não houve corrupção, desvio de dinheiro público. Foi caixa dois como os outros fizeram. O problema é que sempre pregamos que faríamos diferente.

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Para o senhor, José Dirceu é inocente? Claro! Ele já não tinha mais nada a ver com as questões do partido. Quem fez tudo foi o Delúbio Soares. Esse grupo político nunca me ajudou, mas se naquela época o Delúbio aparecesse com dinheiro para a minha campanha, é claro que eu aceitaria.

Pretende visitar Dirceu na cadeia? Claro!

Depois da saída do governo Cabral, o que pretende fazer como presidente do PT-RJ? Vamos imprimir 100.000 jornais e distribuir pelo Rio para melhorar nossa comunicação com o eleitor fluminense. Sou a favor da democratização dos meios de comunicação. Se dependesse de mim, o PT, a CUT, e o MST teriam uma TV. Vou tentar também vincular mais a imagem do PT com o Lula. Hoje, o lulismo é muito maior do que o petismo, já se compara até ao peronismo na Argentina. A esquerda brasileira precisa entender que qualquer mudança no Brasil hoje tem que passar pela figura do Lula.

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Sua administração em Maricá tem recebido inúmeras críticas e denúncias. Por exemplo, qual a necessidade de investir 3 milhões de reais no desfile de Carnaval da Grande Rio em 2014 (o enredo será uma homenagem a Maricá)? Estou pensando em colocar mais 1 milhão de reais até lá. É um investimento na propaganda e no marketing da cidade. Vou ter retorno de mídia, teremos visibilidade mundial. Maricá tinha uma imagem muito ruim.

É essa preocupação que leva a prefeitura a gastar mais de 1,2 milhão de reais por ano com o contrato de assessoria de imprensa, valor cinco vezes mais alto do que várias prefeituras gastam pelo interior? Sim. Estamos em uma região competitiva, preciso atrair investimentos. Pode ver os dados, aumentamos em 1.000% a abertura de empresas na cidade. Temos que ter estratégia de divulgação de Maricá.

E as dezenas de ações de improbidade do Ministério Público. Por que tantos processos? O MP exagera, às vezes. Por exemplo, fiz uma cartilha ensinando crianças a acessar a internet. Recebi processo porque a cartilha citava meu nome uma vez. É tudo bobagem, mas administrador público tem de responder pelos seus atos.

Por que gastar 2 milhões de reais da prefeitura para sua segurança particular? Fechei um aeroporto em Maricá porque operava irregularmente. Criei uma empresa pública de ônibus, vou colocar a passagem a 2 reais enquanto a iniciativa privada cobra 2,70 reais. Mexi com interesses. Já sofri ameaças. A Polícia Militar não faz nada. Rescindi o contrato da prefeitura com a segurança particular, mas agora eu mesmo pago do meu próprio bolso pelo serviço.

Por que tantos cargos criados para petistas em Maricá? Este ano O Globo revelou que seu governo você contratou 132 filiados ao partido. Não ligo para essa crítica. É claro que eu governo com o PT.

O senhor passou a responder eleitores via Facebook. Já até se envolveu em discussões na rede. Isso é postura de prefeito? Acho que os políticos são muito pasteurizados. Não ando com assessor, invisto nas relações pessoais. Dou meu celular na rua, não tenho problema com isso. Mas não aceito ser chamado de ladrão, não levo desaforo para casa. Quando uma pessoa falou isso pra mim na internet outro dia, devolvi: “Ladrão é você”.

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