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Comandante e policiais cobravam “aumento de propina” do tráfico

Preso na manhã desta segunda-feira, coronel Djalma Beltrami receberia 10 mil reais por semana dos traficantes. Policiais são do mesmo grupamento de onde saíram os acusados de matar a juíza Patrícia Acioli

Por Da Redação
19 dez 2011, 15h21

“Às vezes é necessário cortar na própria carne. Não podemos admitir que agentes da lei tenham esse tipo de contato com narcotraficantes”, afirmou o delegado Alan Luxardo

O batalhão de onde saíram os policiais acusados de matar a juíza Patrícia Lourival Acioli, em agosto, no Rio, é mais uma vez o centro de um escândalo de corrupção para a Polícia Militar fluminense. A descoberta do plano covarde que pôs fim à vida da magistrada e a uma vida de luta contra as execuções cometidas por policiais não foi o bastante para interromper um ciclo vicioso que uniu criminosos de dentro e de fora dos muros do 7º BPM, unidade da PM encarregada de dar segurança aos moradores de São Gonçalo. Na manhã desta segunda-feira, a operação Dezembro Negro prendeu o comandante do batalhão, coronel Djalma Beltrami – que estava no cargo há apenas três meses – e outros seis policiais da unidade. Todos são acusados de receber propina de traficantes do Morro da Coruja.

De acordo com a Polícia Civil, as investigações se baseiam em provas testemunhais, imagens e gravações de áudio que expuseram as negociações para cobrança de propina. A força perversa do esquema de corrupção fica evidente com o histórico da investigação. A operação Dezembro Negro é resultado de um trabalho iniciado há sete meses – portanto, muito antes da morte de Patrícia Acioli, quando o comandante da unidade ainda era o tenente-coronel Cláudio Luiz de Oliveira, agora réu, acusado de ser mandante do crime.

Os policiais começaram a investigação de um esquema de tráfico que ligava o Complexo da Maré, no Rio, com a favela de São Gonçalo. Eles enviavam drogas para a Região dos Lagos, usando como entreposto uma favela na cidade de São Pedro D’Aldeia. Dali, o material era distribuído para cidades como Búzios e Cabo Frio, que recebem milhares de turistas nos fins de semana e ao longo do verão.

O coronel da PM Djalma Beltrami: preso acusado de corrupção
O coronel da PM Djalma Beltrami: preso acusado de corrupção (VEJA)

No caminho, os policiais encontraram o esquema de pagamento de propina, concentrado sobre o Grupamento de Ações Táticas (GAT), uma divisão de elite da estrutura dos batalhões da PM. Foi do GAT que partiu o plano para assassinar Patrícia Acioli. E, agora, descobre-se que o envolvimento daqueles policiais com o crime pode ser bem maior.

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Até as 16h desta segunda-feira, estavam presos, além do coronel Beltrami e seis PMS, quatro traficantes da região do Morro da Coruja. Um menor também havia sido apresneido. Os policiais encontraram ainda um revólver calibre 38 e quantidades não informadas de maconha e cocaína.

Djalma Beltrami foi preso em frente ao batalhão que comandava. Os investigadores chegaram até ele a partir da interceptação de conversas em que os policiais do GAT negociavam com o advogado de um dos traficantes. Resumidamente, a negociação era um pedido de “aumento”: cada patrulha do GAT recebia, segundo a Polícia Civil, 4 mil reais por semana como propina. Os acusados queriam passar a receber 5 mil reais por semana, e pediram para incluir o coronel no pagamento, com uma fatia mais gorda: 10 mil reais por semana.

O coronel e os policiais vão responder por associação para o tráfico de drogas e corrupção. “Às vezes é necessário cortar na própria carne. Não podemos admitir que agentes da lei tenham esse tipo de contato com narcotraficantes. Temos que fazer o nosso papel”, afirmou o delegado Alan Luxardo, da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. Segundo Luxardo, está descartada a possibilidade de os policiais corruptos terem apenas usado o nome de Beltrami.

A suspeita é de que mais policiais estejam envolvidos no esquema, mas por enquanto só foram decretadas as prisões dos policiais contra os quais há provas para esse tipo de medida. Ao todo, os policiais obtiveram na Justiça 13 mandados de prisão contra policiais – sete deles já cumpridos – e 11 contra traficantes.

Djalma Beltrami, entra para a história como o segundo comandante do 7º BPM a ser preso – em um intervalo de menos de dois meses. Antes de ser conhecido como oficial da PM, e por seus atos questionáveis à frente daquela unidade, ele ganhou fama como árbitro de futebol.

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(Com reportagem de Rafael Lemos)

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