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Com ou sem prévias, PT já escancara divisão interna

Petistas brigam para decidir candidato no maior colégio eleitoral do Brasil

Por Adriana Caitano
28 jul 2011, 19h05

“Quem tem medo das prévias não devia ser do PT, nem ser candidato”, Jilmar Tatto, deputado federal e um dos seis pré-candidatos do partido à prefeitura

A menos de um ano para a data limite em que os partidos devem formalizar os candidatos da disputa municipal de 2012, o PT já enfrenta divisão interna em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil. Pelo menos seis petistas figuram na lista de postulantes a prefeito e o consenso para a escolha parece longe de se concretizar. A solução apresentada por parte das lideranças do partido foi recorrer ao estatuto da sigla: em caso de haver mais de um pré-candidato, o escolhido é definido por meio de prévias. A possibilidade, porém, é rechaçada por outra parte do comando petista. O impasse já toma proporções nacionais e envolve o principal nome do partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O receio de quem combate as prévias é a possível imagem de racha no partido. No entanto, a própria discussão sobre o formato de escolha dos candidatos tem provocado essa impressão. Dirigentes do partido se articulam para dificultar as prévias. Em setembro, os 1.350 delegados petistas vão se reunir em um congresso para votar mudanças no estatuto. A principal delas restringe a existência de prévias somente a situações em que dois terços do diretório – nacional, estadual ou municipal – concordem com a realização delas. A tentativa de mudança no estatuto reflete uma preocupação nacional com as prévias. O PT enfrenta o mesmo problema de excesso de postulantes a candidato em outras capitais brasileiras, como Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. O racha na base partidária é iminente

Lula é o inimigo número um das prévias. Em 2002, ele foi obrigado a disputar a vaga de presidenciável pelo PT com o senador Eduardo Suplicy em uma prévia. E, apesar de ter sido o vencedor, não gostou nada da experiência. Agora, pretende impor o nome do ministro da Educação, Fernando Haddad, para concorrer à prefeitura paulistana. Como Haddad não é popular nem entre os paulistanos nem dentro do PT paulista, sua candidatura poderia ir água abaixo com uma consulta às bases.

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O maior defensor das prévias é Eduardo Suplicy, eterno pré-candidato do partido. “Vejo como algo que vai ser muito benéfico para todos e, ademais, é da história e do estatuto do partido. Não há porque ter tanta resistência”, comenta. Na última semana, Suplicy recebeu apoio do líder da bancada na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza, e do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “A prévia serviria para o partido se mobilizar, discutir um programa e um projeto para a cidade e até permitir que se conheça mais de perto alguns que não tiveram a militância partidária na base”, afirmou Dirceu, em seu blog.

O deputado federal Jilmar Tatto, um dos postulantes a candidato, prefere que a escolha seja feita com um consenso do colegiado, mas não descarta as prévias. “Quem tem medo delas não devia ser do PT nem ser candidato”, ressalta. Ele reprova a intenção de Lula de impor o nome de Haddad: “O que não pode é ter imposição. Aí não tem acordo”.

Nome forte na capital paulista, a senadora Marta Suplicy minimiza o debate. “Sobre eleições em São Paulo, só tenho uma coisa a dizer: o processo político é o que manda, mas a conjuntura é o que determina. Temos que aguardar”, disse, em seu perfil no Twitter. Marta tem defendido seu nome como o mais viável para a disputa, principalmente se o candidato do PSDB for José Serra. Ou seja, a definição do adversário poderá pesar mais do que a opinião dos dirigentes petistas.

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Possibilidades – Entre vereadores e lideranças petistas de São Paulo, o nome com maior apoio político é o do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. No entanto, como faz parte do governo federal e tem boas relações com Lula, ele não deve comprar briga com o ex-presidente. A expectativa, portanto, é de que ele abra mão da candidatura municipal para se concentrar em 2014.

A estratégia do diretório municipal, por enquanto, será realizar, a partir de agosto, caravanas de debates pelas capital paulista. Nelas, os pré-candidatos poderão expor suas opiniões e tornar-se mais conhecidos de eleitores e filiados. O deputado federal Carlos Zarattini, que também está na disputa, acredita que essas caravanas são mais importantes que as prévias. “A questão é chegar a uma proposta de programa do partido para São Paulo que leve o PT à vitória”, afirma.

O vereador de São Paulo José Américo acredita que o cenário só estará definido no final de 2011. “O PT entende a prévia como um mecanismo apenas para resolver divergências”, destaca. “Se fosse um valor universal e não deixasse sequelas, seria feita sempre.” A aposta, segundo ele, é que, no final desse processo de debates, cada um dos pré-candidatos avalie a própria força e considere abrir mão da disputa em favor do mais forte.

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O difícil será dissuadir os pré-candidatos da disputa. Em 2010, o senador Eduardo Suplicy foi convencido a desistir da corrida pelo governo paulista e ceder espaço para Aloizio Mercadante. Desta vez, pretende insistir. “A circunstância era outra. Naquela época, Aloizio abriria possibilidade de Marta ser eleita para o Senado – o que de fato aconteceu. Eu não vejo agora um argumento que possa me fazer desistir.”

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