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Com ministro enfraquecido, Dilma assume a Copa de 2014

Presidente decidiu tomar as rédeas da negociação com a Fifa e da tramitação da Lei Geral da Copa. Mesmo que continuar no cargo, Orlando Silva perderá poder

Por Da Redação
19 out 2011, 08h34

Ainda que não tivesse sido envolvido num escândalo, Orlando Silva já corria o risco de ter seu papel colocado em segundo plano. Dilma não está satisfeita com o ministro

O ministro do Esporte, Orlando Silva, passou os últimos meses exercendo uma função de projeção invejável para qualquer político brasileiro. Como sua pasta está ligada à realização de dois eventos de repercussão internacional – a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016 -, o ministro percorreu o país e fez diversas viagens ao exterior para tratar dos preparativos do Brasil para as duas competições. Sua chance de exercer o poder nessa função estratégica, contudo, acabou. Fragilizado no governo e desgastado na relação com a Fifa, ele continua no Ministério, ao menos por enquanto. A Copa, porém, não é mais dele.

Por decisão da presidente Dilma Rousseff, o ministro não será interlocutor do governo nas negociações da Copa de 2014 e na tramitação da Lei Geral da Copa no Congresso. A partir de agora, as decisões relativas à Copa ficarão centralizadas no Palácio do Planalto, nas mãos da presidente e da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. A decisão foi tomada depois que a edição de VEJA desta semana publicou a declaração de um militante do PC do B apontando Orlando Silva como mentor e beneficiário de um esquema de desvio de dinheiro. Conforme o policial João Dias Ferreira, a verba pública era desviada usando ONGs como fachada.

Embora o futuro de Orlando Silva ainda esteja indefinido e vá depender do desenrolar das denúncias – e das respostas que ele conseguir apresentar -, o certo é que o titular do Esporte já perdeu poder. O ministro do Esporte – seja Orlando Silva ou não – passará a ser comunicado das providências a serem tomadas no Palácio do Planalto. Ainda que não tivesse sido envolvido num escândalo, Orlando Silva já corria o risco de ter seu papel colocado em segundo plano. Dilma não está satisfeita com o trabalho do ministro – que está no cargo desde o governo Lula e chegou a considerado carta fora do baralho quando Dilma montou sua equipe.

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Privilégios – Orlando Silva acabou permanecendo no governo, mas jamais teve grande prestígio junto a Dilma. Na segunda-feira, ainda em Pretoria, na África do Sul, ela ficou irritada com o que leu na imprensa e chegou a telefonar para um ministro a fim de saber quem disse que ela aprovava o trabalho do titular do Esporte. A presidente, na realidade, afirmou que aprovara apenas as primeiras explicações dadas por ele em relação às denúncias de corrupção. Segundo informações de bastidores do Planalto, Dilma cogitava ela mesma cuidar da realização da Copa do Mundo logo que assumiu o mandato, por considerar Orlando Silva muito próximo da CBF.

Dilma nunca quis proximidade com a entidade que comanda o futebol brasileiro, por avaliar que a CBF exigia privilégios que ela não pretende conceder. Com as relações cada vez mais azedas entre a presidente e o homem forte da CBF, Ricardo Teixeira – e percebendo que se não mudasse de postura poderia perder o cargo -, o ministro decidiu trocar de posição. Tanto é que ajudou a presidente a convencer o ex-craque Pelé a assumir o papel de embaixador honorário do Brasil na Copa do Mundo, uma forma de afastar Ricardo Teixeira das cerimônias oficiais relativas à realização do maior torneio de futebol do mundo, dentro de três anos.

Decisão – Apesar de se dizer satisfeita com o depoimento do ministro na Câmara, na terça, Dilma vai esperar a nova sabatina de Orlando Silva o chefe da pasta no Senado, na tarde desta quarta, para decidir o futuro do ministro. A não ser que apareça alguma prova mais contundente, a situação de Orlando Silva só será decidida quando a presidente Dilma voltar a Brasília, encerrando a viagem à África – após passar pela África do Sul, ela está em Moçambique. Depois, vai para Angola. Depoimentos no Senado trazem mais preocupação ao governo do que depoimentos na Câmara, porque a Casa tem um perfil mais oposicionista e questionador.

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(Com Agência Estado)

Leia no blog do Reinaldo Azevedo:

Oficialmente, mas sem entusiasmo, governistas afirmavam ontem que Orlando Silva tinha sido convincente em seu depoimento à Câmara. Hoje ele vai ao Senado. De fato, o Planalto acha que a situação dele é muito difícil. Como afirmei anteontem aqui, o que se confirma no noticiário de hoje, a presidente Dilma Rousseff já tinha dado um chega-pra-lá nele. Mas, afinal, o ministro foi o não convincente? Não!

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