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Com guardanapos na cabeça, manifestantes protestam na rua do governador Sérgio Cabral

Apesar das 10.000 confirmações do Facebook, só cerca de 300 pessoas participam do movimento. Ainda assim, houve confronto com a polícia

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 jul 2013, 20h18

(Atualizado às 00h10)

Com muito menos participantes do que as 10.000 confirmações do Facebook, cerca de 300 pessoas se reuniram no Leblon, na Zona Sul do Rio, no início da noite desta quinta-feira, para protestar contra o governador Sérgio Cabral. O ponto de encontro, como nas outras vezes, foi a esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Espínola, onde mora Cabral e de onde um grupo que acampava há dez dias foi expulso pela polícia esta semana.

O protesto começou pacífico e incorporou como traje oficial os guardanapos que causaram constrangimento ao governador e seus secretários, no ano passado – quando vieram à tona imagens de integrantes do governo do estado em um restaurante de luxo em Paris, na companhia do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da construtora Delta. Mas por volta das 22h45, começou um tumulto.

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A polícia soltou uma grande quantidade de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha na direção dos manifestantes, que correram em direção à praia. A eletricidade de parte da Avenida Delfim Moreira foi desligada, e os policiais que se concentravam nas proximidades desde o início do dia aumentaram o cerco a partir da casa do governador até o fim do bairro. Havia viaturas de polícia em cada esquina e o Batalhão de Choque se posicionou em frente ao prédio de Cabral.

Uma equipe do Corpo de Bombeiros teve de ser acionada para controlar um princípio de incêndio. Um coquetel molotov, segundo os agentes, atingiu um engradado de bebidas que estava no local em razão de um evento que será realizado na região neste final de semana. Ainda não se sabe o que teria originado toda a confusão. Pouco antes, ouviam-se gritos: “Vamos invadir”. A PM afirma que o ataque partiu primeiro de um grupo que jogou pedras e latas de cerveja contra os agentes, que teriam revidado com spray de pimenta. Já os manifestantes garantem que a polícia agiu sem raz�ão.

Pela Avenida Ataulfo de Paiva, a principal de bairro, lixeiras foram depredadas e seu conteúdo foi espalhado ao longo da via. Seis pessoas foram detidas e encaminhadas à 14ª DP, para onde se dirigiram representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Eles dizem que acompanharão todo o processo, da detenção à averiguação das acusações.

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MP – Todo o ato foi acompanhado de perto pelo Ministério Público. Cinco promotores observavam a movimentação antes do confronto, e faziam registros em vídeo. “Temos procedimento instalado para apurar qualquer violência ou conduta errada dos policiais”, disse Délcio Alonso, promotor de Justiça da Auditoria Militar. Ainda segundo ele, o MP compareceu a convite da Polícia Militar.

Leia ainda: Polícia recebe cem denúncias sobre vândalos em protestos

Gritos de guerra – A ironia e o sarcasmo deram o tom da manifestação na maior parte do tempo. Agressivos, em um primeiro momento, só os gritos: “Cabral, eu não me engano, seu coração é de miliciano”, entoavam uns; “Olê, olá, se o Maraca privatizar, o Rio vai parar”. Uma manifestante, que disse ter participado de todos os outros atos de protesto, fez uma definição curiosa da reunião desta noite. “É uma manifestação ‘padrão Fifa'”, disse, para traduzir em seguida: “Tem tanta gente bonita que nem sei o que estou fazendo aqui”.

Entre quem protestava, um dos trajes comuns era o de academia, entre homens e mulheres. Ou seja, depois de malhar, malha-se o governador. Skates e bicicletas também eram comuns, engrossando as fileiras de manifestantes com gente que passeava pela orla e pela ciclovia e se juntou ao burburinho. Depois de uma hora e meia de cantos de guerra, alguns abriram cervejas, deixando as cartolinas debaixo do braço.

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Um dos momentos mais animados foi a chegada de um grupo de bombeiros, ressuscitando a onda grevista que elegeu Cabral como inimigo número 1 depois que os militares que ocuparam o Quartel Central da corporação foram chamados de “bandidos” pelo governador. O ex-cabo Benevenuto Daciolo, que liderou o movimento dos bombeiros no Rio, foi ao local para pedir anistia para os condenados por participar da greve e segurança pública de qualidade para a população. Alguns índios da Aldeia Maracanã também reforçavam o grupo.

Guardanapos – A ideia de levar guardanapos para o protesto partiu da advogada Jerusa Lopes, de 30 anos. Depois de permanecer dois dias acampada com o grupo que foi removido na última terça-feira, Jerusa decidiu voltar, agora munida de 30 lenços brancos, cortados de um tecido comprado por ela. Imediatamente, as bandeirolas se espalharam, indo parar até na cabeça de um cãozinho de estimação levado por um dos manifestantes. “Não tenho planos de acampar, mas se o pessoal quiser ficar, fico também”, avisou.

Por volta das 20h, começaram a chegar manifestantes anarquistas, com bandeiras pretas. O momento mais tenso até então ocorreu quando uma equipe da TV Record foi hostilizada por manifestantes, com xingamentos, e deixou o local em seguida.

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