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Colombo diz que saiu do DEM porque não haveria fusão com o PSDB

Governador de Santa Catarina leva 50 prefeitos para o PSD

Por Carolina Freitas
2 Maio 2011, 15h22

“O DEM não tem projeto nacional, depende do PSDB. Os tucanos precisavam compreender isso e buscar a fusão. Isso não aconteceu”

A dificuldade para a fusão entre o DEM e o PSDB foi o motivo que levou o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, a anunciar sua saída do Democratas no domingo. Em entrevista ao site de VEJA, Colombo explica por que decidiu aderir ao Partido Social Democrático (PSD) e revela que a fusão DEM-PSDB não acontecerá antes das eleições municipais de 2012. Abaixo, leia os principais trechos da entrevista: Por que o senhor decidiu deixar o DEM? Foi uma decisão difícil. Nunca mudei de partido. Sou fundador do PFL. Mas foi a melhor forma. Os partidos estão longe das pessoas. A crise não é restrita ao DEM e ao PSDB, apesar de ser mais forte na oposição. A crise é na política. Os partidos estão muito longe da sociedade. Eu achava que o melhor era o DEM fazer uma fusão com o PSDB. Percebi claramente que, embora houvesse boa vontade, ela não ia se realizar. Em que a fusão beneficiaria o senhor? A fusão era a única saída para o DEM. Eu estou bem em Santa Catarina, mas o isolamento do DEM no plano nacional atrapalhava o meu trabalho. O DEM não tem um projeto nacional, depende do PSDB. Os tucanos precisavam compreender isso e buscar a fusão. Isso não aconteceu. Quais as causas do enfraquecimento do DEM? Uma sucessão de equívocos. A nossa posição política foi isolando o DEM. Ficamos dependente dos aliados para realizar projetos. Quando o projeto deu errado, nas eleições presidenciais de 2010, ficamos mais enfraquecidos ainda. Nas outras eleições já vínhamos nos tornando um partido periférico. Outro erro foi fazer uma oposição só no Congresso, sem militância. Por que a fusão com o PSDB não avançou? Eu provoquei esse assunto dentro do partido. Conversei com Aécio Neves e com Fernando Henrique Cardoso, mas o PSDB tem suas dificuldades internas. Tem gente que não acha oportuna a fusão. Dentro do DEM também há quem entenda que a fusão só deveria sair depois da eleição municipal de 2012. Meu grupo não quis esperar a eleição municipal, por achar que ela vai enfraquecer ainda mais o DEM. Então, buscamos uma alternativa. Qual o argumento de quem não quer a fusão antes de 2012? Eles entendem que a fusão é muito difícil de executar e abre uma porta de saída perigosa perto da eleição municipal. Eu lutei para que a fusão saísse já, mas entendo que não saia. São circunstâncias políticas que fogem à vontade de um ou outro líder. O isolamento do DEM é também ideológico, por estar na oposição? Vivemos uma era pós-ideologia. Não há mais diferença ideológica entre os partidos. A oposição tem de ser feita em cima de propostas, não de ser contra o tempo todo. Ser de esquerda ou direita é um rótulo e às vezes um preconceito. Mas o senhor permanece na oposição? Sim, eu sou oposição e vou continuar sendo oposição. Não falei com ninguém do governo, não fui procurado, não estarei aliado com o PT em Santa Catarina. Em que pontos o governo federal erra? O problema do Brasil é o modelo de estado. O custo do estado para o cidadão é elevado e há muitos privilégios para determinados setores. O serviço público precisa ser mais eficiente e temos de fazer a reforma política, tributária e previdenciária. É questão de foco político. O estado brasileiro está de costas para as pessoas pobres. A senadora Kátia Abreu disse que deixou o DEM por não ter liberdade para votar de acordo com o que pensava. O senhor também sentia essa amarra? Quando fui líder da minoria no Senado sempre me senti livre para votar como bem entendesse. Eu não culpo o DEM pela minha decisão. Eu só queria construir uma coisa nova. O DEM está isolado no contexto eleitoral e político e isso dificulta o trabalho da gente, por isso minha primeira opção foi uma fusão com o PSDB. Quantas pessoas devem acompanhar o senhor nesta ida para o PSD? A grande maioria dos prefeitos e todos os deputados estaduais e federais por Santa Catarina. São cinquenta prefeitos, três deputados federais e sete estaduais. A maioria deles participou da minha decisão de deixar o DEM. Qual a esperança do senhor no PSD? Que ele tenha vida comunitária, seja uma base intelectual da sociedade e abra espaço para o novo. Políticos da base e da oposição buscaram abrigo no PSD. Como equacionar essas diferenças sem que o partido vire uma Torre de Babel? Eu tenho receio disso sim, mas vou lutar para que não aconteça. Temos uma boa liderança, Gilberto Kassab, e vamos trabalhar juntos nisso. O PSD estará formalmente criado até a próxima eleição? Sim, com certeza. Vamos começar agora a ajudar na coleta de assinaturas para registrar na Justiça Eleitoral. ACM Neto mostrou-se esperançoso na permanência do senhor. Como o senhor explicou aos líderes do DEM sua decisão de sair do partido? Eu conversei domingo com José Agripino Maia, presidente do DEM. Disse que era meu caminho natural. Apenas comuniquei a ele. Qual foi a gota d’água para o senhor sair do DEM? A percepção de que era necessário evoluir.


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