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Collor xinga Janot e oferece ‘solidariedade’ a Heráclito em festa junina

O deputado do PSB é acusado pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado de ter pedido propina no esquema do petrolão

Por Felipe Frazão 20 jun 2016, 07h18

A delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado esquentou a temporada de festas juninas políticas de Brasília. Na fria noite deste sábado, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), um dos acusados de pedir propina por Machado, recebeu cerca de quatrocentas pessoas na casa da filha no Lago Sul, em uma festa de proporções maiúsculas. O presidente da República interino, Michel Temer (PMDB), esperado no arraial, desmarcou de última hora e ficou em São Paulo com o filho Michelzinho. O centro das atenções, então, virou o ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL), alvo da Operação Lava Jato.

Vestido com uma camisa xadrez, ora escondida por um pulover azul claro, jeans Levis e tênis preto, Collor papeou, trocou sorrisos e cumprimentos com os convidados e ficou na festa até a madrugada com a atual mulher, a arquiteta Caroline Medeiros, e as filhas gêmeas. Passou horas de pé enfileirando charutos cubanos Montecristo e contou que, logo depois de sofrer o impeachment, viajou para duas semanas na ilha caribenha do comunista Fidel Castro, a convite do ditador.

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Ao se despedir de Heráclito, Collor voltou a ofender o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com o mesmo palavrão que já havia disparado da tribuna do Senado e afirmou que gostaria sair em defesa do parlamentar. “Deixe-me fazer sua defesa, você tem minha absoluta solidariedade, toda solidariedade, contra esse filho da p#%@ do Janot”, disse abraçado ao anfitrião para surpresa de jornalistas, deputados e convidados. “Filho da p#%@ porque a mãe dele é uma p#%@. Falo isso aqui porque já falei no Senado”, justificou.

Deputados debatiam o cenário da política – os temas mais recorrentes da noite eram as ameaças da Operação Lava Jato ao governo interino e o desempenho de Temer e os sinais da economia e os próximos passos de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Câmara, que podem precipitar uma eleição. Estavam na festa os ministros das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), e o da Defesa, Raul Jungmann (PPS), além dos deputados Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB, Rogério Rosso (DF), líder do PSD, Benito Gama (PTB-BA), Danilo Forte (PSB-CE), Nilson Leitão (PSDB-MT) e Hugo Leal (PSB-RJ), entre outros. Do Palácio do Planalto, foram apenas assessores diretos dos ministros peemedebitas da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. “Fiquei catorze anos sem pisar lá, mas fui essa semana conversar com Michel depois da delação”, disse Heráclito. Ele defendeu o presidente interino, também acusado por Machado de pedir 1,5 milhão de reais propina como doação eleitoral a um aliado, em 2012. “Essa conversa não faz o estilo dele.”

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Heráclito estava vestido de camisa social e um colete verde xadrez, para entrar no clima da festa, mas logo colocou um casaco bege por cima, para aplacar o frio. As rodas de conversa eram regadas a goles do vinho português Confidencial, regional de Lisboa, chope artesanal Colorado servido em um food truck, quentão e whisky Red Label. Três grupos se revezaram num palco ao som de ritmos nordestinos, como forró e axé, e do sertanejo, uma das preferências nas baladas da capital federal. Para comer, não faltou opção: espetinhos de carne, frango, queijos coalho ou provolone e salsichão, arroz de capote ou carreteiro, paçoca nordestina, cachorro quente, pastel e batata frita, doces de milho, como pamonha e cural, churros de doce de leite ou chocolate, canjica, diversos bolos de chocolate, bolo de rolo e docinhos feitos com paçoca – parte deles encomendados do Piauí e de Pernambuco.

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O Arraiá dos Fortes só não teve quadrilha, mas Heráclito montou um parque de diversões para os dois netinhos. A criançada circulava pelo gramado em pôneis, em charretes, descia num escorrega gigante inflável, brincava de pescaria, chute a gol e tiro ao alvo, e ainda podia levar para casa, além de brinquedos e bichos de pelúcia, animais de verdade como patinhos, coelhos e peixes, expostos ao lado de cabritos e passarinhos numa mini fazenda montada no jardim da mansão. Inconformado com as denúncias de Machado, a quem chamou de “irresponsável”, Heráclito ironizou: “Isso tudo eu paguei com o que sobrou da propina do Sérgio Machado”. Ele desafiou o delator a provar que tenha cobrado propina quando era da Comissão de Infraestrutura do Senado, entre 2006 e 2007, para aprovar o limite de endividamenteo da Transpetro. Machado diz que ele teria entregado 500.000 reais ao parlamentar e que na campanha de 2014, Heráclito fez vários telefonemas cobrando mais 500.0000 reias como doação eleitoral. “Ele nunca esteve na comissão. A Dilma foi, quando ainda era ministra. Quero que ele prove uma só ligação que eu tenha feito. Vou abrir meu sigilo telefônico.”

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