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Cezar Peluso: aborto de feto anencéfalo é ato ‘egocêntrico’

STF concluiu nesta quinta-feira que grávidas de fetos anecéfalos podem interromper gestação. Foram 8 votos favoráveis e 2 contra

Por Luciana Marques
12 abr 2012, 20h56

O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou nesta quinta-feira o aborto em caso de gestação de feto anencéfalo. O placar do julgamento foi 8 votos a favor e 2 contra a interrupção da gravidez de bebês com má formação no cérebro. A maioria dos ministros entendeu que o procedimento não deve ser considerado abortivo, porque o anencéfalo geralmente morre durante a gestação ou vive por apenas poucas horas após o parto.

O presidente do STF, Cezar Peluso, foi o último a votar. O ministro fez um duro discurso contra o aborto de anencéfalos. Disse que o procedimento é “cruel” e comparável ao racismo. “Todos esses casos retratam a absurda defesa da superioridade de alguns, de raça branca, ariana sobre outros, negros, judeus”, disse. “Encena-se a atuação avassaladora do ser poderoso e superior e detentor de toda a força infringe a pena de morte ao incapaz de pressentir a agressão e de esboçar qualquer defesa”, afirmou.

De acordo com Peluso, o feto anencéfalo deve ser protegido sob a ótica jurídica, porque não deixa de ser humano. “Nesta postura dogmática ao feto, reduzi-lo no fim das contas à condição de lixo, uma coisa imprestável e incômoda, não é dispensada de nenhum ângulo à menor consideração ética e jurídica”, afirmou.

Com argumentos filosóficos, o ministro disse que o Direito se vale de conceitos pré-jurídicos. “A própria ideia de morte encefálica pressupõe a existência de vida, não é possível pensar a existência de morte se não estivesse vivo”, disse. Para o ministro, o aborto é uma atitude “egocêntrica” da mulher. Segundo ele, o feto não pode ser destruído para amenizar um sentimento de frustação.

Discussão – O julgamento começou na manhã desta quarta-feira e foi suspenso após nove horas de discussão. Os ministros concluíram a análise nesta quinta. O tema começou a ser discutido no STF há oito anos, quando a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS) propôs a ação.

Posicionaram-se a favor do aborto os ministros Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Carlos Ayres Brito, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Foram contrários os ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski.

Conheça os votos dos ministros:

Celso de Mello: “Não estamos autorizando aborto”

Gilmar Mendes: “Argumentos de entidades religiosas podem e devem ser considerados pelo estado”

Ayres Britto: “O anencéfalo é uma crisálida que jamais se transformará em borboleta”

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Marco Aurélio Mello: “Anencefalia e vida são termos antitéticos”

Rosa Weber: “Obrigar a mulher a prosseguir na gravidez fere seu direito à autonomia reprodutiva”

Luiz Fux: ‘sofrimento incálculavel’ pode ser interrompido

Cármen Lúcia: “Quando o berço se transforma em um pequeno esquife, a vida entorta”

Ricardo Lewandowski: legislação não permite aborto terapêutico

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