Cerveró tenta afastar Moro e pede absolvição por lavagem
Ex-diretor da Área Internacional da Petrobras é acusado de usar dinheiro de propina para comprar um imóvel de luxo no Rio de Janeiro
Depois de ter sido multado em 43 000 reais por abandono de processo, o advogado Edson Ribeiro, responsável pela defesa do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, apresentou as alegações finais à Justiça Federal. No documento, usa uma estratégia já bem conhecida no curso da Operação Lava Jato: atacar o juiz Sergio Moro. Neste processo, Cerveró é acusado do crime de lavagem de dinheiro por ter tentado esconder que utilizou recursos ilícitos na compra de um apartamento avaliado em 7,5 milhões de reais, no Rio de Janeiro. A negociata para a compra do imóvel foi revelada por VEJA.
A principal linha de argumentação da defesa é que não existe uma condenação contra Cerveró para caracterizar um “crime antecedente” à lavagem de dinheiro. A acusação afirma que episódios de corrupção, como o recebimento de propinas em negociações de navios-sonda e na compra da refinaria de Pasadena, seriam o crime antecedente – corrupção. A lavagem estaria consolidada com o uso desta propina para a compra do imóvel no Rio.
“O magistrado que condene um cidadão por lavagem de ativos previamente à análise da existência do crime antecedente possui uma tendência interna de condenação também pelo crime anterior, simplesmente porque esta condenação funcionará como reforço à sentença condenatória pelo crime de lavagem de ativos”, diz Edson Ribeiro. Para ele, o processo no qual Cerveró é acusado de lavagem deveria ser suspenso até que ele seja julgado pelos outros crimes. Segundo a defesa, se hipoteticamente for absolvido nos processos por corrupção, por exemplo, não haveria dinheiro que pudesse ser lavado e, por isso, ele seria também inocentado nesta ação.
No pedido, a defesa de Cerveró tenta mais uma vez afastar o juiz Moro do caso e afirma que o processo contra o ex-diretor deveria ocorrer no Rio de Janeiro, e não no Paraná, porque o apartamento comprado e reformado supostamente com dinheiro do crime de lavagem está localizado em Ipanema.
Ribeiro também não poupa os integrantes do Ministério Público, responsável pela acusação. Diz que os procuradores da força-tarefa da Lava Jato não poderiam atuar na causa e afirma que o MP “cria” histórias para embasar a acusação partindo da “falsa percepção dos indícios existentes” e de informações, não comprovadas, dadas em delações premiadas.