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Central do Maranhão – e do Bolsa Família

Em cidade do Maranhão, Dilma teve 96% dos votos em 2010. Tudo leva a crer que o número será parecido neste ano

Por Gabriel Castro, de São Luís
3 ago 2014, 09h33

A presidente Dilma Rousseff dificilmente irá à cidade de Central do Maranhão pedir votos. O município de 7.800 habitantes fica a 400 quilômetros de São Luís e não tem nenhum destaque econômico ou político. Mas a petista não precisa se preocupar com seus votos na cidade.

Em 2010, Dilma teve impressionantes 96% em Central do Maranhão. Foi o segundo maior percentual da presidente entre os mais de 5.500 municípios do país. Aqui, ela e Luiz Inácio Lula da Silva têm uma aprovação maior até do que a de José Sarney.

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No município, 1.635 famílias recebem o Bolsa Família mensalmente. Isso significa cerca de 6.500 moradores, levando em conta o número médio de integrantes em cada família. No último censo, o IBGE identificou apenas 335 pessoas com ocupação fixa na cidade. Essa é a chave para entender o apoio massivo à presidente.

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Claudilene Melo, por exemplo, trabalha como doméstica e é beneficiada pelo programa. Ela vota em Dilma: “Tenho medo de entrar outra e tirar o Bolsa Família”. A situação é parecida com a de Tiago Santos, que presta serviços à prefeitura e faz bico como motoboy nos fins de semana, mas é beneficiado com o programa federal. “Meu voto é na Dilma. Não me interesso em saber quem são os outros candidatos”.

Em Central do Maranhão, onde não circulam jornais, o acesso à internet é um luxo e os principais canais de TV pertencem a políticos do grupo de José Sarney, fatos e boatos se confundem.

Marinete Viana, dona de casa e mulher de um lavrador, tem a mesma preocupação: “A gente vê pela televisão que, se outro ganhar, vai tirar o Bolsa Família”. Ela e o marido não conhecem o tucano Aécio Neves e nem sabem explicar o que foi o mensalão.

De todos os moradores ouvidos pelo site de VEJA na cidade, apenas um (à exceção do prefeito) sabia citar o nome dos dois principais adversários de Dilma. Uma centralense até arriscou, mas acabou colocando no presidenciável tucano o sobrenome do candidato do PMDB ao governo do Estado: “Aécio Lobão?”, perguntou ela.

A exceção à regra é Gilberto dos Santos, que fabrica próteses dentárias em casa. Em 2010, o maranhense votou em Dilma, mas está insatisfeito com a inflação. Ele também critica o Bolsa Família por acreditar que o programa incentiva o ócio. E diz que reprova o apoio de Dilma ao casamento gay – na verdade, quem decidiu sobre o assunto foi o Judiciário. “Estou analisando, acho que vou votar no Eduardo Campos. Na Dilma, de jeito nenhum”, diz ele.

O prefeito da cidade, Benedito Barros, confirma a tese de que o Bolsa Família é o maior cabo eleitoral da região. “Político que falar mal do Bolsa Família aqui está acabado”. Ele próprio faz ressalvas ao programa – diz que muitos moradores não querem trabalhar para não perder o benefício. Mas depois recua: “Eu nem deveria estar falando disso”.

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O caso de Central do Maranhão ilustra o tamanho da dificuldade que os oposicionistas vão enfrentar para tirar votos de Dilma Rousseff no Nordeste. Lá, a presidente lidera todas as pesquisas com uma vantagem folgada. E, fora dos grandes centros, a batalha pelo voto presidencial muitas vezes é perdida de antemão.

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