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Bumlai repetiu mensalão e beneficiou PT, diz Moro

Declaração consta do despacho que autorizou a prisão do pecuarista amigo do ex-presidente Lula e principal alvo da 21ª fase da Operação Lava Jato

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 nov 2015, 10h16

A atuação do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, que utilizou seu nome e as suas empresas para supostamente viabilizar dinheiro sujo ao Partido dos Trabalhadores (PT), repete o modus operandi do escândalo do mensalão, o primeiro grande esquema de corrupção do governo Lula e responsável por levar próceres petistas para a cadeia. A comparação foi feita pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos processos do petrolão em primeira instância.

Preso preventivamente na manhã de hoje em Brasília, Bumlai é suspeito de ter atuado diretamente em um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras, ao próprio pecuarista e ao PT. A exemplo do escândalo do mensalão, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais. “Mais grave em concreto, o destinatário final da vantagem teria sido, segundo os colaboradores [da Lava Jato], o Partido dos Trabalhadores, com afetação do processo político democrático”, relata o juiz Sergio Moro no despacho que autorizou a prisão de Bumlai. “O mundo da política e o do crime não deveriam jamais se misturar”, acrescenta.

No mensalão, dos 32 milhões de reais repassados de forma fraudulenta pelo Banco Rural ao esquema do publicitário Marcos Valério entre 2003 e 2004, 3 milhões de reais foram destinados diretamente ao PT – num empréstimo fictício que tinha Marcos Valério, Delúbio Soares e José Genoino como avalistas e foi renovado dez vezes.

No caso do propinoduto envolvendo a Petrobras, o repasse de dinheiro sujo por meio do pecuarista, apontado como um operador VIP do petrolão, foi camuflado por meio de um empréstimo do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10000 e na simulação do pagamento do suposto empréstimo com a entrega inexistente de embriões de gado. Para Moro, a articulação do Bumlai e de seu grupo revela um “emaranhado financeiro e corporativo, de produção de dezenas de documentos falsos, em um jogo de sombras para acobertar a verdade”.

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“As provas indicam que [José Carlos Bumlai] disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar de maneira fraudulenta recursos a partido político, com todos os danos decorrentes à democracia, e, posteriormente, envolveu-se na utilização de contrato público de empresa estatal para obter vantagem indevida para si e para outrem”, relata Sergio Moro. Há indícios ainda de que Bumlai promoveu uma enxurrada de saques expressivos de dinheiro, não raro em valores acima de 100.000 reais, para evitar que órgãos de controle pudessem rastrear a movimentação financeira típica de lavagem de dinheiro.

“Releva destacar que modus operandi similar foi identificado no julgamento da Ação Penal 470 [mensalão]. Com efeito, naquele caso também identificados empréstimos milionários concedidos pelo Banco Rural a empresas controladas por Marcos Valério, SMP&B Comunicação, Graffiti Participações e DNA Propaganda, e que também não eram pagos, nem cobrados, sendo os recursos destinados igualmente ao Partido dos Trabalhadores, como, aliás, confessado naquele processo por Marcos Valério e por Delúbio Soares”, destacou Moro ao determinar a prisão do pecuarista.

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