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Brasil chega ao século XXI com padrão de país desenvolvido

Entre 2000 e 2010, país confirmou a queda no ritmo de crescimento da população e a proliferação de cidades médias

Por Rafael Lemos
29 abr 2011, 10h38

O Brasil teve, na primeira década do século XXI, a menor taxa de crescimento populacional desde 1872, quando foi realizado o primeiro censo nacional. Entre 2.000 e 2010, a população brasileira cresceu 1,17% ao ano – taxa que equivale a praticamente um terço da registrada na década de 1950. A redução no crescimento, que se acentuou a partir dos anos 1980, confirmou-se de forma inequívoca no Censo de 2010, cujos resultados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Trata-se de uma boa notícia. O menor crescimento demográfico é resultado de uma drástica queda na taxa de fecundidade – de 5,8 filhos por mulher em 1970 para 1,8 atualmente – o que significa população mais educada, com mais acesso a informação e serviços de saúde, e mulheres participantes da força de trabalho. Um conjunto de indicadores que aproxima o Brasil dos países desenvolvidos.

Outro aspecto positivo do grande retrato produzido pelo IBGE entre julho e outubro de 2010 é o crescimento das cidades médias, aquelas que têm entre 100.000 e 500.000 habitantes. Esses municípios já abrigam 48.565.171, ou 25,4% dos 190.755.799 habitantes do país, e são os que mais crescem. Ao contrário do que aconteceu ao longo da maior parte do século XX, quando a migração interna fez explodir a população das capitais e suas periferias, com todos os mais que conhecidos problemas daí decorrentes, agora o crescimento se dá principalmente nas cidades médias. Elas cresceram à taxa de 2,05% ao ano, contra 1,79% ao ano nas 38 cidades com mais de 500.000 habitantes. Enquanto isso, o número de residentes nas duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, ficou praticamente estável: 0,76% ao ano, em ambas.

Um exemplo do fenômeno das cidades médias é Rio das Ostras, município da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Em 10 anos, a população local saltou de 36.419 para 105.757 pessoas, um avanço surpreendente de 190,39%. Situada na região da Bacia de Campos, a cidade foi fundada em 1992, ao se emancipar da vizinha Casemiro de Abreu. De lá para cá, os royalties do petróleo viabilizaram uma série de investimentos em infraestrutura que transformou o lugar. O caso de Sumaré (SP), segundo maior município da região metropolitana de Campinas, também impressiona. Na última década, a população da cidade cresceu 22,67%, passando de 196.723 para 241.311 habitantes. O aumento é reflexo direto dos investimentos de uma única empresa. Entre 2002 e 2007, uma montadora de automóveis, já instalada, quintuplicou sua produção, alavancando toda a economia da região.

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Rio das Ostras e Sumaré são parte de uma mudança histórica no padrão de desenvolvimento brasileiro, tradicionalmente concentrado nas capitais. O crescimento das cidades médias significa a chance de desinchar as regiões metropolitanas e, também, de melhorar a distribuição de riqueza pelo território nacional: a profusão de cidades médias se dá em todas as regiões do país. O Sudeste lidera o ranking com 122 cidades médias, sendo que 24 delas surgiram nos últimos 10 anos. Em seguida, aparece o Nordeste, onde esse número subiu de 37 para 47. No Sul, já são 44 cidades médias contra 37 em 2000. Por fim, o Norte passou de 12 para 18 municípios nessa condição, enquanto no Centro-Oeste o aumento foi de nove para 14.

Tendências – Desde o último censo, o número de residentes no Brasil aumentou em cerca de 21 milhões de pessoas, saltando de 169.799.170 para 190.755.799. O arrefecimento do ritmo de crescimento da população é fruto de uma tendência que teve início ainda em meados do século passado, e está diretamente ligado ao comportamento das taxas de fecundidade e mortalidade ao longo das décadas. Os baixos níveis dessas duas variáveis estabeleceu um novo padrão de taxa de crescimento da população, com níveis cada vez menores.

Os dados do Censo 2010 também reforçam mudanças importantes na participação relativa das regiões na população geral. Apesar de ainda serem as duas regiões as menores fatias da população brasileira, o Centro-Oeste e o Norte continuam ganhando espaço. O Centro-Oeste agora responde por 7,4% dos habitantes do país, contra 6,9% em 2000. Já o Norte aumentou sua participação de 7,6% para 8,3%.

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Enquanto isso, as outras regiões mantêm a tendência de queda verificada nos últimos censos. A participação do Sudeste caiu de 42,6% (2000) para 42,1% (2010). O Nordeste registrou situação semelhante, com redução de 28,1% para 27,8%. Já o Sul diminuiu sua participação de 14,8% para 14,4%.

Leia reportagem especial de VEJA: A força das cidades médias

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