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Bonde deveria ter seguido para garagem após colisão com ônibus

Acidente registrado na tarde da colisão que deixou cinco mortos pode ter comprometido freios e estrutura da composição número 10

Por Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
29 ago 2011, 18h31

Detalhes ainda desconhecidos das últimas horas do bonde número 10 e do motorneiro Nelson Corrêa da Silva, 57 anos, morto no acidente, são a chave para elucidar a tragédia em Santa Teresa no último sábado. Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, apresentou registros que confirmam que a composição havia se envolvido em outra colisão, na mesma tarde do acidente que deixou cinco mortos e 57 feridos.

O que falta ser explicado: como o bonde, que estava sendo levado para a garagem para reparos, acabou voltando para o transporte de passageiros.

A colisão com um ônibus em Santa Teresa ocorreu, segundo registro em um boletim de ocorrência de trânsito, por volta das 15h20. O policial militar que estava a bordo – uma norma, segundo o secretário, para evitar superlotação -, sargento Dias, participou da condução da ocorrência.

Um segundo motorneiro, identificado como Gilmar, foi ao local da colisão e, após atestar que o bonde “não havia sido comprometido”, conduziu-o até a estação Carioca. Nelson Corrêa da Silva, então, desceu em outro bonde, o de número 8, para registrar o acidente. Ele, no entanto, afirmava que o bonde número 10 não tinha condições de circular de vido a uma avaria no balaústre, e, portanto, precisava receber reparos na garagem.

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Segundo Júlio Lopes, Nelson informou que levaria o bonde 10 para a garagem e subiu sozinho no veículo, sem permitir o embarque de passageiros.

A partir daí a história é desconhecida, pois não há registro de entrada do motorneiro com o bonde 10 na garagem, nem explicação para como ele, Nelson, aceitou transportar passageiros e fazer o caminho de volta.

As suspeitas, nesse ponto, se multiplicam, e as possibilidades vão desde uma mudança de ideia do condutor – algo improvável – até algum tipo de coação para que ele voltasse a transportar passageiros, mesmo considerando que o veículo estava avariado.

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Júlio Lopes apresentou registros do livro da garagem dos bondes que mostram que o carro número 10 passou 13 vezes por reparos no mês de agosto. No dia 18, o bonde recebeu quatro novas sapatas de freio. Curiosamente, no dia 25 há novamente registro de substituição de uma sapata apenas.

Esse registro levanta suspeitas sobre a substituição de peças entre os bondes. Como os veículos são muito antigos – a fabricação data de 1896 – e têm peças fabricadas sob encomenda, é possível que as sapatas tenham sido trocadas em regime de rodízio. A suspeita, nesse caso, é de que o bonde 10 tenha recebido uma sapata usada, devido à necessidade de uma das peças ser usada em outra composição.

O delegado da 7ª DP (Santa Teresa), Tarcísio Jansen, instaurou nesta segunda-feira inquérito por homicídio culposo e lesão corporal culposa para apurar responsabilidades sobre os cinco mortos e os 57 feridos no acidente. O delegado acredita que dentro de 15 dias esteja pronto o laudo pericial do Instituto Carlos Éboli, e que o documento seja “conclusivo”.

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