Hackers divulgam dados da presidente Dilma Rousseff, do prefeito Eduardo Paes, do governador Sérgio Cabral e de uma série de autoridades e seus parentes. Autores e pessoas que divulgarem os dados estão sujeitos a pena de dois anos de prisão, estabelecida pela lei Carolina Dieckmann
Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
17 out 2013, 17h43
O repertório de ataques do Black Bloc e da ala mais radical que atua nos protestos desde junho cresceu desde a marcha contra o aumento de passagens. Nas ruas, no Rio e em São Paulo, o incêndio de veículos, preferencialmente viaturas policiais ou ônibus, passou a ser item obrigatório da fase final das manifestações. Os mascarados garantem, assim, imagens que, nas páginas de Facebook, cultuam como “resistência” ou “defesa dos manifestantes”. Fora do campo de batalha, mas de forma igualmente ofensiva, entrou em cena o terrorismo digital. Funciona assim: o prefeito Eduardo Paes, que se opõe ao que quer o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), teve seus dados privados publicados em um link na quarta-feira, e o mesmo aconteceu com a presidente Dilma Rousseff, o governador Sérgio Cabral e uma lista de autoridades, bem como parentes e pessoas próximas.
O crime cometido na internet puxa um cordão de inconsequentes que reproduzem e repassam os dados. Estão todos, de forma solidária, enquadrados na lei 12.737 de 2012 – a lei Carolina Dieckmann, aprovada depois do famoso caso da divulgação de fotos íntimas da atriz. Em vigor desde 2 de abril deste ano, a lei tornou crime qualquer invasão ou divulgação indevida de dados particulares. Já foram autuados por esse tipo de delito os menores que divulgaram dados dos PMs do Rio. A pena é de até dois anos de prisão.
A intenção do grupo é fazer com que todos se sintam previamente intimidados. A partir de agora, quem for contra o movimento e as intenções do Black Bloc e do Anonymous vai ter suas informações escancaradas na internet. Lembrando: o Sepe apoia “incondicionalmente os black blocs”.
Os dados que supostamente seriam da presidente Dilma foram divulgados na página “Black Bloc RJ” do Facebook. Os hackers publicaram um link que dá acesso a número de CPF, identidade, telefones e outras informações, como nomes dos pais, endereço, lista de bens e dados bancários. Os criminosos ainda cometeram outro delito. Há, no post que divulga dados da presidente, a informação “conforme declaração de Imposto de Renda”. Esse tipo de divulgação de dados fiscais é crime previsto na lei complementar 105/2001, com pena de um a quatro anos de prisão, mais multa.
A lista divulgada pelo Black Bloc tem ao todo 490 nomes, com deputados, ministros e senadores. O senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à presidência, está entre os citados. Marina Silva também. E com eles um número incontável de parentes que nada têm a ver com o poder.
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Presos – Em páginas do Facebook ligadas ao Black Block e ao Anonymous, cresce a corrente que pede a libertação dos 64 presos e dos 20 menores apreendidos durante o protesto do Dia do Professor no Rio. Eles são chamados de “presos políticos” pelos manifestantes que apoiam o Black Bloc.
Três dos detidos foram soltos nesta quinta-feira. Eles estavam presos na Cadeia Pública Juíza Patrícia Acioli, em São Gonçalo, no Grande Rio. Renato Tomas de Aquino, Ciro Brito Oiticica e Gerd Augusto Castellões foram soltos no início da tarde.
Ao sair, Oiticica afirmou que os manifestantes estão divididos em grupos de seis, em celas separadas dos demais presos. “Não fomos agredidos fisicamente, mas sofremos ‘vitimizações'”, declarou Oiticica, sem detalhar o que seriam “vitimizações”. Ele disse que foi detido apenas por estar sentado na escadaria da Câmara Municipal, na Cinelândia. A Secretaria de Administração Penitenciária não informa se outros manifestantes poderão ser soltos nesta quinta-feira.
Um protesto de estudantes da PUC-Rio pedindo a libertação dos presos interditou, esta tarde, um trecho da Auto-Estrada Lagoa-Barra. Cerca de 40 estudantes, que levaram cartazes para a universidade nesta quinta-feira, participaram do ato.
Na quarta-feira, em entrevista coletiva, a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, apresentou os materiais apreendidos com os manifestantes presos e afirmou que há um processo de “importação de manifestantes de outros estados”. Segundo a Polícia Civil, durante a manifestação foram apreendidas esferas de aço e bolas de gude, facas, estilingues, canivetes, estiletes, escudos, máscaras e bolas de aniversário com fezes que seriam lançadas contra os PMs
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Novo protesto – A ameaça que mais preocupa as autoridades no momento é a convocação de protestos, com participação do Black Bloc, para o leilão do pré-sal no bloco de Libra, segunda-feira, no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca. De acordo com o Comando Militar do Leste, o decreto de Garantia da Lei e da Ordem – que autoriza as Forças Armadas a cumprir função de polícia – não foi assinado, mas os militares já estão finalizando o planejamento da ação.
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