Black Bloc planeja endurecer manifestações no Rio
Grupo pretende resistir à abordagem policial e evitar apreensão de materiais perigosos. PM avisa que não vai mudar forma de atuação durante as manifestações
O nível de tensão entre policiais e manifestantes vai subir esta quarta-feira no Rio. Responsável pelas ações mais violentas por parte dos manifestantes, o grupo Black Bloc planeja endurecer as ações e não permitir revistas por parte dos policiais – algo que vinha ocorrendo sem conflito desde que, durante a visita do papa, os policiais passaram a atuar com nomes destacados e coletes com códigos, para serem denunciados em caso de abuso. Em páginas do Facebook, foram espalhadas recomendações para os integrantes que pretendem participar do protesto de hoje, programado para começar na Praça São Salvador, em Laranjeiras, e seguir até o Palácio Guanabara, sede do governo estadual. O prédio já está cercado por alambrados.
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A principal orientação dos mascarados é para que os manifestantes não permitam a revista e chamem o grupo inteiro para evitar a abordagem policial. Assim, pretendem dificultar a apreensão de bombas caseiras, o porte de pedras e coquetéis molotov. “Grite ‘revista’! Queremos ver a polícia prender 50, 100, 300 pessoas de uma só vez. Isso não vai ser exclusividade do BB (Black Bloc). Outros grupos de esquerda também estão seguindo essa orientação de NÃO às revistas”, diz um comunicado postado na terça-feira.
Na mesma publicação, o grupo recomenda que seus integrantes mantenham-se unidos no protesto. O objetivo é formar um grupo compacto para dificultar a penetração de policiais – que podem identificar suspeitos de agressões. Desde a manifestação do dia 25 de junho, no Leblon, policiais fardados e identificados andam entre os manifestantes. “O bloco deve ser unido, sem policiais no meio. Se perceberem qualquer tipo de inserção no nosso meio, pare e chame o grupo para reagrupar”, determina o black bloc no Facebook.
Polícia Militar – A estratégia do Black Bloc traz problemas para a polícia. Um dos objetivos da tropa, liderada pelo tenente coronel Mauro Andrade, do Grupamento de Policiamento de Proximidade e Multidões, é identificar pessoas com materiais perigosos, como coquetéis, pedras, facas, fogos de artifício e estilingues usados para lançar pedras e bombas caseiras contra a polícia.
Procurado pelo site de VEJA, o tenente coronel Mauro afirmou que o grupamento acompanhará a manifestação desta quarta-feira e que não mudará a forma de atuação. “Fazemos um policiamento preventivo. As revistas estão coibindo o uso rojões, usados contra a polícia, e de coquetéis molotov. Temos encontrado, inclusive, esses materiais no chão. Acreditamos que os manifestantes, quando percebem que há revista, abandonam os produtos”, conta o policial, que lidera um grupo de 120 homens.
Outra constatação do tenente-coronel é que o tamanho das bombas incendiárias apreendidas tem diminuído. Segundo o policial, os mais radicais estão confeccionado coquetéis molotov com recipientes menores para tentar escapar da revista dos policiais, que têm como alvo principal pessoas com mochilas.
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