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Benefícios na Papuda: filha de Dirceu usa carro oficial para furar fila e visitar o pai na prisão

Joana Saragoça, filha do mensaleiro, usou carro da Subsecretaria do Sistema Prisional e foi prontamente recebida na entrada restrita a funcionários

Por Da Redação
9 Maio 2014, 10h53

A filha do mensaleiro José Dirceu, Joana Saragoça, usou um veículo oficial para furar fila e visitar o pai, que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. O carro em que Joana chegou ao presídio, na quarta-feira, é utilizado em operações sigilosas de Estado e foi conduzido pelo servidor da Sesipe (subsecretaria do sistema prisional) Wilton Borges. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo.

A bordo do veículo, a filha do mensaleiro não foi obrigada a enfrentar a longa fila de espera à qual os familiares dos demais detentos são submetidos – inclusive os que chegam de carro, como foi o caso. Joana, ao chegar à Papuda às 8h55 da manhã, foi prontamente autorizada a entrar no presídio, usando inclusive a entrada que seria restrita a funcionários.

Os familiares de detentos “comuns” enfrentam até duas horas de burocracia e revistas até que sejam autorizados a ver os parentes. Ao menos 2.000 pessoas fazem fila diariamente no presídio em dia de visitas. O horário de entrada é restrito e dura somente das 9 horas às 16 horas.

De acordo com a Folha de S.Paulo, ao menos uma visita ocorreu também numa quarta-feira, mesmo dia em que Joana foi flagrada entrando sem pegar fila, e causou mal-estar entre servidores da Papuda, que a apelidaram de “atendimento a domicílio” para familiares de Dirceu.

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Procurado, o governo do DF, administrado por Agnelo Queiroz (PT), afirmou que não tinha conhecimento de que a filha de Dirceu usou um carro oficial para ter acesso privilegiado ao presídio.

Depois, o governo divulgou nota afirmando que a carona aconteceu porque Joana auxiliava em uma investigação interna sobre a possibilidade de Dirceu fazer uma greve de fome em protesto por ainda não ter sido autorizado a trabalhar fora do presídio.

A greve de fome de Dirceu, na verdade, nunca aconteceu. Ele mesmo descartou a hipótese antes mesmo de sentir qualquer desconforto. A própria subsecretaria do sistema prisional (Sesipe) descartou que o ex-ministro estaria sofrendo por inanição. Consultada, a Vara de Execuções Penais do DF, que usualmente seria comunicada de uma investigação do gênero, disse não ter “informação sobre esse fato”.

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Procurada, a filha do mensaleiro respondeu apenas que “não conversa com jornalistas”.

O advogado de Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, afirmou que cuida apenas das questões jurídicas de envolvem seu cliente, e que “cabe à Secretaria de Segurança do DF se posicionar sobre as visitas”.

O nome de Dirceu aparece constantemente associado a regalias a que ele teria direito deste que foi preso na Papuda, em novembro do ano passado. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou documento nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando que há indicativos claros de tratamento diferenciado concedido aos mensaleiros que cumprem pena no Distrito Federal, entre eles, o ex-ministro. Entre esses indicativos, ele citou o fato de os presos terem recebido visitas em horários diferenciados na Papuda.

Dirceu passa a maior parte do dia no interior de uma biblioteca onde poucos detentos têm autorização para entrar. Lá, ele gasta o tempo em animadas conversas, especialmente com seus companheiros do mensalão, e lê em ritmo frenético para transformar os livros em redações, o que lhe pode garantir dias a menos na cadeia. O ex-ministro só interrompe as sessões de leitura para receber visitas – incluindo um podólogo -, muitas delas fora do horário regulamentar e sem registro oficial algum, e para fazer suas refeições, especialmente preparadas para ele e os comparsas.

Comandada pelo PT, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara realizou uma diligência até a Papuda com o objetivo de negar a existência de benefícios aos condenados no julgamento do mensalão e, dessa forma, evitar sanções aos mensaleiros. A intenção era pressionar pela liberação do trabalho externo para Dirceu, mas o tiro saiu pela culatra: os deputados encontraram Dirceu assistindo um jogo de futebol em TV de plasma e conferiram que sua cela é maior e mais equipada que a dos demais detentos – possui micro-ondas, chuveiro quente e uma cama melhor.

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