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Beltrame tira fuzis das UPPs

A partir do próximo dia 15, policiais que trabalham patrulhando favelas consideradas pacificadas passarão a utilizar as 1 000 carabinas .40 compradas, que têm o poder de fogo menor do que o do fuzil. Decisão causou reação negativa entre integrantes da cúpula da PM

Por Leslie Leitão 10 dez 2015, 08h15

O secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou nesta quarta-feira, durante seu depoimento à Comissão de Segurança da Assembleia Legislativa, que vai tirar os fuzis das mãos dos policiais das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que patrulham favelas consideradas pacificadas pelo Estado. No próximo dia 15, 1 000 carabinas .40 compradas serão distribuídas entre agentes que atuam nas 38 regiões. Seu objetivo é fazer com que a PM tenha, dentro desses locais, armas com menor poder de destruição. Dentro da Polícia Militar, no entanto, a medida causou polêmica, inclusive entre integrantes da cúpula, que alegam que essa retirada dos fuzis enfraquece os soldados justamente no momento mais crítico do projeto. Somente este ano, 13 policiais foram assassinados dentro das localidades contempladas com as UPPs.

As mortes mais recentes ocorreram na Favela do Jacarezinho, no último dia 6. Os soldados Inaldo Pereira Leão e Marcos Santana Martins foram emboscados e executados. O deputado Flavio Bolsonaro chegou a perguntar se não seria o momento de a secretaria de segurança rever o projeto, recuar e fazer uma mudança de estratégia. Beltrame disse que não, e anunciou a substituição do armamento: “Policial de UPP, em tese, não tem que atirar em ninguém. A bala do fuzil atravessa barracos. Essas armas novas causam um estrago menor”, disse.

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Diante da insistência de que os bandidos estão cada vez mais ousados e vêm retomando o controle desses territórios considerados pacificados, o secretário chegou a fazer uma brincadeira: “Na verdade, o policial tem que fazer três coisas: 1 – não morra. 2 – não mate. 3 – não minta. Então, abrigue-se e, como diz o Pinheiro Neto (comandante da PM), chame o irmão mais velho, no caso o COE (Comando de Operações Especiais)”.

Consultor de segurança pública e um dos maiores especialistas em armas do país, Vinicius Cavalcante é contra a retirada dos fuzis das favelas com UPPs. “Nas áreas onde os soldados podem precisar contrapor tiros que vem de cima ou de uma distância maior, as carabinas .40 são anêmicas e não vão se prestar ao que se espera. Nas UPPs o cara infelizmente ainda precisa ter fuzil”, afirma.

43 ataques em uma semana – Dois oficiais ouvidos pelo site de VEJA não têm a mesma visão: “Há uma proliferação de fuzis nas favelas com UPP. Nossos soldados estão sendo atacados e mortos o tempo todo. Mesmo assim, vamos diminuir nosso poder de fogo. Ou seja: vamos para um território conflagrado com armas menos poderosas do que as dos criminosos”, diz o comandante de uma UPP, que pediu para não ser identificado. Para ilustrar esse discurso, o oficial apresentou um dado impressionante: somente nos oito primeiros dias de dezembro, bandidos atacaram policiais das UPPs 43 vezes. Além dos dois mortos no Jacarezinho, o soldado Chilon da Silva Ferreira, baleado na cabeça também no último dia 6, no Parque Proletário, no Complexo da Penha, segue internado em estado gravíssimo.

As polêmicas prometem não parar na questão da diminuição do poderio bélico dos soldados das UPPs. Em 2011, a PM mandou devolver 1550 carabinas modelo .30 compradas na primeira tentativa da secretaria de segurança de substituir os fuzis. As armas, fabricadas pela empresa Taurus, foram recolhidas e devolvidas em virtude de defeitos apresentados no estojo do carregador: “Durante os testes, elas engasgavam após uma sequência de disparos”, explicou a PM na época.

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