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Beltrame anuncia que não fará UPP na Maré

Em reunião na Assembleia Legislativa para discutir o orçamento de 2016, secretário de segurança avisa que não terá dinheiro para ocupar as 16 favelas da região antes da Olimpíada

Por Da Redação 21 mar 2016, 14h37

Uma das principais promessas da secretaria de segurança para a Olimpíada não vai sair do papel. O responsável pela pasta, delegado José Mariano Beltrame, anunciou nesta segunda-feira que não fará a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo da Maré – região conflagrada com dezesseis favelas que fica na porta de entrada do Rio de Janeiro – que estava prevista para acontecer até o final deste mês.

Em 2014, após um pedido do então governador Sérgio Cabral, a Maré foi ocupada pelas Forças Armadas durante um ano e dois meses, numa operação que custou cerca de 600 milhões de reais aos cofres do governo federal. Desde o ano passado, uma Companhia Maré ocupa os acessos das favelas, mas o tráfico continua poderoso do lado de dentro. “Não vamos fazer a UPP na Maré. Vamos fazer os ajustes necessários em outras áreas”, afirmou, logo após a reunião na Comissão de Segurança Pública na Assembleia Legislativa (Alerj) para discutir o orçamento de 2016, que será de 7,07 bilhões de reais.

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Durante os debates, Beltrame avisou também que não fará mais a nova sede do Comando de Operações Especiais (COE), prevista para ser erguida ao lado do Complexo da Maré, e que abrigaria o Batalhão de Operações Especiais (Bope). “O projeto está na mão deles [secretaria de planejamento]. Manda eles me darem a verba que eu faço”, esbravejou na saída.

Segundo o site de VEJA apurou, no ano de 2016 não será mais implantado qualquer nova UPP. Criado em 2008, o programa vem se deteriorando desde meados de 2013, quando passaram a ser atacadas diariamente por bandidos que retomaram os domínios de quase todos os 38 territórios ocupados. No Complexo do Lins, por exemplo, os policiais já foram expulsos de duas favelas: morros da Gambá e Cachoeira Grande. E, atualmente, até favelas menores, como Chapéu Mangueira, no Leme, Tabajaras, em Copacabana, e Dona Marta, em Botafogo, vem registando confrontos e até disputas entre traficantes.

A reunião na Comissão de Segurança deveria contar com os secretários de Fazenda, Júlio Bueno, e de Planejamento, Claudia Uchoa. Ambos mandaram representantes e não compareceram. Os efeitos práticos do encontro, que tinha como um dos objetivos encontrar soluções para a crise, foram praticamente nulos. Beltrame, mais uma vez, reclamou de não conseguir fazer planos para a pasta que comanda há quase dez anos e explicou que os cortes que deveriam ser feitos na sua Secretaria já aconteceram. “Demitimos 135 pessoas e cortamos 40 viaturas, além de telefones funcionais”, disse.

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Os representantes da Polícia Militar e da Polícia Civil também trouxeram dados do cenário caótico que não prevê qualquer investimento para 2016. Para se ter uma ideia, 95% dos 4,8 bilhões recebidos pela PM são para o pagamento de folha salarial. Na Civil, o déficit acumulado entre 2014 e 2015 soma 79 milhões: “Só temos recursos para oito dos 12 meses do ano”, admitiu o delegado Flavio Brito, chefe do setor de planejamento da entidade.

Houve ainda dois momentos de muita tensão durante a audiência. Primeiro, quando o deputado Paulo Ramos fez críticas ao secretário, em certo tom de ironia, dizendo que ele perdeu sua popularidade à medida que os índices de violência foram aumentando. “O secretário já foi recebido com aplausos nos lugares…e gozava de tanto prestígio que era um candidato ao posto de governador do Estado”, disse Ramos. Beltrame deu um sorriso amarelo e rebateu: “Não estou preocupado com aplausos, senão eu já tinha ido embora. Nem pretendo ser governador. Fiquei porque acredito que tenho algo para fazer pela segurança do Rio de Janeiro”.

Logo em seguida, a discussão foi ainda mais acalorada, desta vez com o deputado Zaqueu Teixeira. Pré-candidato à prefeitura de Queimados, na Baixada Fluminense, o ex-chefe de Polícia Civil fez duras críticas ao trabalho desempenhado por Beltrame, em especial em virtude do programa das UPPs, que fizeram que muitos criminosos migrassem para outros territórios, na região metropolitana. Teixeira comparou o município como um ‘shopping’, onde bandidos da região que passaram a dominar a região do Guandu fazem a festa assaltando a população. “Sua política de segurança empurrou a criminalidade para a Baixada”, disparou o delegado-deputado, lembrando que na região de Costa Barros, médicos se recusam a trabalhar em postos de saúde na área que divide favelas como Chapadão e Pedreira. O secretário de segurança também aumentou o tom de voz e, irritado, deu-se início ao bate boca que praticamente encerrou a reunião. “O quê o senhor fez quando era chefe de polícia? Quais eram os seus índices quando estava lá? Eram muito piores…”.

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Ao final, ainda irritado, Beltrame pediu ajuda à Comissão de Segurança para que o governo do Estado respondeu a um ofício que fez, há mais de um mês, requisitando o retorno de 30% dos 2 300 policiais civis e militares que estão emprestados a outros órgãos. “Há anos estão em outras instituições e, num período de crise, este será um aumento significativo para suprir nossas carências”.

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