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Bate-boca tira foco dos problemas da Copa

Embora grosseiro, o secretário-geral da Fifa está certo. Discussão camufla os reais obstáculos da organização, como atrasos e falta de transparência

Por Gabriel Castro e Luciana Marques
5 mar 2012, 20h32

O embate entre o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, e o governo brasileiro vai dificultar ainda mais a preparação para a Copa do Mundo de 2014. Não só porque o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, formalizou nesta segunda-feira o pedido por um novo interlocutor à Federação Internacional de Futebol. Valcke até pediu desculpas, mas o incidente deve atrapalhar os preparativos para o torneio. A guerra de declarações desvia os holofotes daquilo que realmente interessa: o atraso nas obras essenciais e a falta de transparência na aplicação dos bilionários recursos públicos destinados à organização do torneio esportivo. Em outras palavras, embora tenha sido grosseiro, o francês está certo de cobrar o governo pela falta de empenho em acelerar os preparativos para o torneio.

Do lado do governo, as afirmações foram de revolta à postura de Valcke, para quem o Brasil precisa de “um pontapé no traseiro”. “Aqui não há nada imposto, muito menos por uma entidade de fora do Brasil”, reclamou nesta segunda-feira o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Presidente da Comissão Especial da Lei Geral da Copa, o deputado Renan Filho (PMDB-AL) emitiu uma nota condenando a postura de Valcke: “É inadmissível que o secretário-geral faça uso de expressões inconsequentes, deselegantes e de linguajar chulo, sem considerar as responsabilidades que essa relação e seu cargo exigem”, afirmou o parlamentar.

O Planalto, por enquanto, limita-se a dizer que a postura do ministro Aldo Rebelo é sustentada pela presidente Dilma Rousseff.

O presidente do Senado, José Sarney, apelou para o patriotismo barato. “Eu acho que o ministro Aldo Rebelo não falou somente em seu nome e nem do ministério e do governo brasileiro. Ele falou em nome de todo o povo brasileiro, do nosso sentimento dessa intromissão indevida”, afirmou, em tom populista.

Para o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), Valcke errou apenas ao usar uma expressão chula para criticar o governo brasileiro: “Ele tem razão total”, diz o parlamentar. Ele afirma que o embate verbal serve também para que o governo desvie o foco do reais problemas envolvendo a organização do torneio esportivo, como o superfaturamento nas obras: “Na organização da Copa, é impossível ter mais problemas do que já temos”, critica.

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Votação – Apesar do protesto de Renan Filho, a votação da Lei Geral da Copa na comissão está confirmada para a manhã desta terça-feira. Na semana passada, o texto-base do projeto chegou a ser aprovado. Mas o descumprimento de uma norma regimental sobre o horário de funcionamento das comissões tornou necessária uma nova apreciação da proposta. Depois disso, ainda restarão destaques ao texto, que precisam de votação separada. Entre eles, o que trata da liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios.

A etapa seguinte será a discussão em plenário, o que não ocorrerá em menos de duas semanas. Nem só por causa das controvérias em torno do texto, mas também pela carregada pauta de votações da Câmara. A demora na apreciação da Lei da Copa (que ainda depende do aval do Senado) é uma das razões pela qual a Fifa tem intensificado as críticas ao governo brasileiro. A proposta dá garantias comerciais à federão de futebol e a patrocinadores do evento, além de harmonizar a legislação nacional às exigências da entidade.

O possível impasse entre governo e Fifa sobre a substituição de Valcke pode atrasar a definição do texto final da Lei Geral da Copa. Mas o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), diz que o risco não é real: “Não atrapalha em nada nada. Nós não vamos mudar a produção legislativa do Brasil porque fulano disse alguma coisa”, garante o parlamentar.

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