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Áudios sobre Lava Jato derrubam Jucá do Planejamento

Ministro anunciou que pedirá licença do cargo, mas será exonerado e não deve voltar ao Executivo

Por Felipe Frazão e Laryssa Borges, de Brasília
23 Maio 2016, 17h00

Antes mesmo de completar duas semanas no governo, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, deixa a administração interina de Michel Temer. A queda, provocada por revelações de que propôs um “pacto” para conter o avanço das investigações da Operação Lava Jato, foi anunciada oficialmente como uma “licença”. No governo, porém, a expressão é apenas uma estratégia para amenizar a necessária demissão e tentar blindar a gestão Temer, que tem o prazo máximo de 180 dias para reconstruir os pilares da credibilidade do país e garantir votos necessários para a consolidação do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff.

Após entregar a nova meta fiscal de 2016 ao presidente do Congresso, Renan Calheiros, Jucá afirmou nesta segunda-feira que vai se licenciar do cargo a partir de amanhã. Ele disse que preferiu deixar o cargo para aguardar que o Ministério Público Federal se manifeste sobre os áudios em que sugere um pacto para paralisar a Operação Lava Jato e conter a “sangria” provocada pelas investigações. Minutos antes do anúncio de Jucá, Michel Temer afirmou que buscaria “a melhor solução para todos” diante do caso. O peemedebista afirmou que o presidente interino chegou a pedir que ele ficasse no cargo – e que a decisão de ‘pedir licença’ partiu do próprio Jucá. O Diário Oficial desta terça-feira deve confirmar a exoneração de Jucá do Executivo.

“Prefiro pedir ao Ministério Público uma manifestação sobre o caso. Vou aguardar com tranquilidade a manifestação do Ministério Público e depois tomar uma decisão [definitiva sobre a presença no governo Temer”, disse Jucá, que reassume o mandato como senador e se mantém na presidência do PMDB. No Congresso, deve enfrentar um processo de cassação, já que o PDT anunciou que apresenta nesta terça-feira representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O advogado de Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, vai entrar ainda hoje com uma manifestação no MPF informando a decisão do senador, que reassume o mandato já nesta terça-feira.

No Senado, Jucá negou ter provocado “constrangimento” no presidente interino Michel Temer e atribuiu sua licença a um gesto para não comprometer a credibilidade da classe política. “O presidente entendeu minha posição, viu meus pronunciamentos, minhas entrevistas. Tenho defendido um governo de salvação nacional, a rápida investigação para que não pairem dúvidas sobre a classe política brasileira e [para] que não se extraia a confiança sobre a classe política”, afirmou. “Meu gesto deu o exemplo de que somos transparentes, nada temos a esconder. Aguardo a manifestação do Ministério Público. Não fiz nada de errado”, completou ele.

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“O presidente viu meus pronunciamentos, minhas entrevistas. Eu tenho defendido um governo de salvação nacional, a rápida investigação do caso, separar o joio do trigo, para que não pairem dúvidas sobre a classe política brasileira, que se delimite a culpa em quem tem culpa é não se espalhe a desconfiança sobre a classe política porque isso não resolve o problema do Brasil, descredenciar. Eu não quero contribuir com isso. Então o meu gesto é um exemplo de que nos somos transparentes e nada tenho a esconder. Nada melhor do que uma manifestação isenta para dizer se eu cometi naquela conversa algum tipo de crime. Acho que não cometi, meu advogado acha que eu não cometi e eu aguardo com toda a tranquilidade na presidência do PMDB. É um instrumento extremamente importante para se fazer o enfrentamento com quem precisar fazer”, prosseguiu.

Jucá foi flagrado em conversas com o ex-senador e ex-dirigente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sergio Machado. Na conversa, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, ele fala em “delimitar” e “estancar essa sangria”. Pela manhã, Jucá havia dito que continuaria no cargo de ministro enquanto tivesse a confiança de Temer. Nas primeiras declarações públicas, Temer afirmou que não iria poupar ministros envolvidos em irregularidades.

A conversa ocorreu semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O áudio tem mais de uma hora duração e está em posse da Procuradoria Geral da República (PGR). O advogado do atual ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse ao jornal que Jucá “jamais pensaria em fazer qualquer interferência” na Lava Jato “porque essa não é a postura dele”.

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Ao anunciar que deixaria o cargo, Jucá afirmou: “Estou consciente de que não cometi nenhuma irregularidade. Apoio a Lava Jato e apoiei o procurador-geral da República Rodrigo Janot. Estamos tranquilos, o governo está tranquilo”. O peemedebista disse ainda que assume o cargo interinamente o secretário executivo do Planejamento Dyogo Oliveira.

“Afastamento dura enquanto o MP não se manifeste. Fico como senador participando do embate. É bom que vai ficar animado. Vamos discutir e apontar aqui as irregularidades e os crimes do PT”, afirmou Jucá.

Romero Jucá comenta as gravações:

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