Assassinato de juíza: a quadrilha é maior
Depois da prisão de três PMs suspeitos do crime, Polícia do Rio investiga mandante e participação de mais agentes da lei na morte de Patrícia Acioli
A Polícia Civil do Rio tem pistas de que os três policiais militares suspeitos da morte da juíza Patrícia Lourival Acioli receberam ajuda de cúmplices – possivelmente também policiais. No momento, é investigada ainda a possibilidade de o crime ter um mandante. Patrícia tinha um histórico de combate ao envolvimento de policiais com o crime, e, por isso, colecionou inimigos dentro das várias correntes de criminosos que infestam as organizações policiais do Rio de Janeiro.
Como afirmou o comandante-geral da Polícia Militar na quarta-feira, coronel Mário Sérgio Duarte de Brito, as prisões do tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e dos cabos Sergio Costa Junior e Jefferson de Araújo Miranda são avanços importantes na investigação. No entanto, como desejava o coronel, ainda não é possível separar totalmente o 7º BPM (São Gonçalo), unidade na qual serviam os indiciados, de todo o resto do grupo.
Ao todo, foram afastados 34 policiais daquela unidade, alguns do Grupo de Ações Táticas (GAT), subdivisão operacional do batalhão na qual estavam lotados os três suspeitos. No Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), uma equipe de peritos corre contra o tempo para comparar as cerca de 70 armas apreendidas com os projéteis recolhidos no local do crime.
Como se sabe, policiais bandidos não andam sozinhos. E operar algo como desvio de munição e armas para um crime sem levantar suspeitas necessita, no mínimo, de um pequeno grupo de ‘colaboradores’.
Para os investigadores, o trio indiciado e preso no Batalhão Especial Prisional (BEP) tentou evitar que Patrícia Acioli decretasse suas prisões. Eles são acusados também do assassinato do jovem Diego de Souza Beliene, de 18 anos. Há outros envolvidos no crime, que já tinham prisão decretada.
O jornal O Globo desta quinta-feira resgatou um detalhe marcante na vida do tenente Benitez. Em 2008, ele foi um dos policiais presos furtando caixas de cerveja de um caminhão da AmBev, na zona norte do Rio. O escândalo só veio à tona porque um fotógrafo amador registrou o crime, com uso de duas viaturas da PM, que tiveram os porta-malas abarrotados com o produto do roubo.