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As sequelas da votação do impeachment na bancada do PMDB

Apesar de a maioria da bancada peemedebista ter votado pelo prosseguimento do processo contra Dilma Rousseff, líder do partido na Câmara votou contra o impedimento. Apesar do isolamento dele, partido não quer 'ruídos' por ora

Por Da Redação 19 abr 2016, 18h37

A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último domingo, deixou sequelas no PMDB, a maior bancada na Câmara dos Deputados. O partido tem como uma de suas principais marcas a divisão interna, reunindo de aguerridos governistas a ferrenhos opositores do Palácio do Planalto, além daqueles que flutuam conforme interesses específicos. E nem mesmo o projeto de poder cada vez mais próximo de ser concretizado é capaz de evitar os desentendimentos entre os correligionários.

Deputados narraram ao site de VEJA o “inconformismo” diante do posicionamento do líder Leonardo Picciani (PMDB-RJ) durante a sessão do impeachment. Aliado da presidente Dilma Rousseff, Picciani desrespeitou a orientação do PMDB fluminense e votou contra o processo por crime de responsabilidade. O voto contrário de Picciani já era esperado, apesar da pressão de peemedebistas em tentarem convencê-lo a embarcar na ação que pode ter como beneficiário direito o principal cacique do PMDB, o vice-presidente Michel Temer. O pronunciamento feito por ele durante a sessão, porém, foi motivo de desgaste.

Na função de líder, Picciani tinha a missão de orientar os deputados a seguir posicionamento da bancada, que, em reunião, decidiu encaminhar favoravelmente ao processo de impeachment. Da tribuna, Picciani seguiu o acordo e anunciou a posição da maioria dos peemedebistas, mas fez discurso que se confundia aos dos governistas, que relacionam a destituição da petista a um golpe à democracia.

“O que estamos fazendo hoje aqui não é uma brincadeira, não é uma disputa, um jogo de futebol. Muito pelo contrário, é uma das mais graves sanções previstas pela Constituição Federal, previstas no nosso ordenamento jurídico. Não nos cabe aqui nenhuma outra posição senão a de defesa dos princípios republicanos e da democracia brasileira”, afirmou Picciani, no domingo. Com a voz embargada, ele ainda disse que jamais imaginou que a sua geração “viveria este momento novamente”.

“Na maior batalha, colocamos o general na frente da tropa e ele fala o seguinte: ‘Olha, estou por aqui, mas o pessoal pensa diferente’. Como um advogado iria convencer alguém assim? É incompreensível”, afirmou um peemedebista. “O tiro saiu pela culatra. Com um esforço de agradar os dois lados, ele não conseguiu agradar nenhum”, resumiu um outro deputado do PMDB.

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Congressistas ainda reclamam de uma suposta investida do chefe de gabinete de Picciani para barrar o impeachment. Segundo eles, o assessor do líder teria ligado para deputados e os colocado em contato com o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria-Geral da Presidência), que pedia uma “alforria” na votação.

Liderança – Justamente por não se entender com a ala rebelde da bancada, Picciani acabou destituído da liderança do PMDB no fim do ano passado. Com o apoio do Planalto, porém, ele reconquistou o posto e conseguiu a reeleição neste ano. Com o objetivo de evitar “ruídos”, deputados desse grupo negam, por ora, fazer qualquer movimento para destituir Picciani, mas afirmam que a situação dele não será “cômoda” nos próximos dias e apontam para um isolamento.

A pressão também passa pela cobrança de que Picciani demonstre maior fidelidade ao partido caso Michel Temer assuma a Presidência. “Agora ele passa a ter a tarefa de se empenhar num governo Temer. Vai ser o momento de ele usar a sua capacidade que serviu para sustentar o governo Dilma para ajudar o de Temer”, afirmou o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).

“Se ele trabalhar mais conosco, vamos trabalhar com ele. Vai depender mais dele do que nós. Queremos sentir firmeza”, afirmou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), que aposta que Picciani irá mudar a condução da liderança em um governo comandado pelo PMDB.

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Questionado, Leonardo Picciani negou a existência de sequelas. “A votação era a do impeachment, e não de uma eleição direta entre o vice-presidente e a presidente. Não dá para tratar o que não está sendo tratado, até em benefício do Temer, que em momento nenhum se mobilizou para assumir o governo. Se isso vier a ocorrer, será em decorrência de prerrogativas constitucionais, e não de uma ação dele. Quem age diferente disso não está ajudando”, afirmou.

Ele ponderou ainda que Michel Temer deu demonstrações de apoio a sua permanência na liderança e que encerra o mandato somente em 2017. “Não é bom para o governo Temer começar com o PMDB rachado. Da minha parte, eu tenho bom senso. Vamos ver se os outros têm”, disse.

A bancada do PMDB votou majoritariamente favorável ao impeachment: dos 67 deputados, 59 chancelaram o processo, enquanto apenas sete deram voto contrário. Houve uma abstenção.

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