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As perguntas que Perillo precisa responder na CPI

Governador de Goiás terá de explicar relação com Carlinhos Cachoeira e interferência do bicheiro em seu governo. Na quarta-feira, é a vez do petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, falar aos parlamentares em Brasília

Por Carolina Freitas, Gabriel Castro e Laryssa Borges
12 jun 2012, 07h35

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), depõe nesta terça-feira a partir das 10h15 à CPI do Cachoeira e terá de explicar sua relação com Carlinhos Cachoeira e a influência exercida pelo bicheiro em seu governo. Um dos aspectos mais nebulosos que ligam o governador ao contraventor é a venda de uma casa de Perillo em um condomínio de luxo de Goiânia. Foi nesse imóvel que Cachoeira foi preso em 29 de fevereiro na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Cada envolvido no negócio tem uma versão sobre a transação e Perillo terá de apresentar nesta terça a sua explicação definitiva. No quadro abaixo, você lê em detalhes cada pergunta que precisa ser respondida pelo governador. Perillo passou a tarde de segunda-feira reunido com seu time de advogados para alinhar a melhor forma de responder aos questionamentos dos deputados e senadores. A interlocutores, disse estar calmo e confiante de que sua experiência parlamentar ajudará em seu desempenho. Perillo foi senador de 2007 a 2010 e renunciou ao cargo para disputar o governo de Goiás. O tucano foi orientado pela direção do PSDB a evitar questões políticas, como críticas ao PT ou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para não acirrar os ânimos ou provocar perguntas espinhosas por parte de parlamentares da base governista. O governador mostrou-se disposto a seguir essa orientação ainda que, no que depender dos petistas, a temperatura prometa ser morna. Lideranças do PT reuniram-se nesta segunda em Brasília para definir a linha de atuação do partido na sessão e ficou combinado que não haverá ataques a Perillo. O governador é personagem importante do caso do mensalão. Na época, ele desmentiu o presidente Lula ao afirmar que avisara o petista da existência do esquema de corrupção. Pressionado na CPI, o governador poderia trazer o assunto à tona. O PT sabe disso. “Na CPI, Perillo tem de explicar a relação dele com Carlinhos Cachoeira”, afirmou o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), ao final da reunião com a bancada. “Não tem revanche nenhuma. A questão do mensalão está no STF.” O senador Jorge Viana (PT-AC) prega contra o que chama de politização do debate. “Temos de nos prender aos fatos. A CPI é um tribunal, não uma tribuna”, disse Viana. O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), até evita mencionar diretamente o governador goiano; fala sempre em “governadores”. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), por sua vez, acredita que a controversa venda da casa de Perillo nem deve ser o principal assunto da sessão desta terça. “O mais grave é a história da cota de funcionários para a quadrilha dentro do governo de Perillo. A casa pode acabar nem sendo objeto da CPI”, disse um conciliador Vaccarezza. A demonstração de bons-modos diante de Perillo é também uma tentativa de evitar grandes cobranças sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que fala à CPI na quarta-feira. Sem conseguir usar a CPI para atingir o Ministério Público e a imprensa às vésperas do julgamento do mensalão, o PT já não alimenta a esperança de que a comissão possa trazer ao partido grandes dividendos políticos. Embora Marconi Perillo seja um alvo relevante, há o temor de uma elevação da temperatura que traga Agnelo Queiroz e o governo federal, por meio da Delta Construção, para o foco da CPI. O fator PMDB – Fator importante na disputa de poder entre tucanos e petistas, o PMDB é representado na CPI por integrantes pouco influentes na legenda: os quatro titulares do partido na comissão têm se comportado como coadjuvantes. A postura deve se manter nesta terça. Nem mesmo a deputada Íris Araújo (PMDB-GO), adversária política do governador goiano, tem se destacado por fazer ataques a Perillo. Por enquanto, a postura discreta rendeu bom resultado ao PMDB, o governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado para depor na CPI. Fala convincente – Pelo menos uma plateia o governador Marconi Perillo já convenceu: seus colegas de partido. Dentro do PSDB o clima é de tranquilidade com o depoimento dele. Perillo se ofereceu para falar desde que surgiram as primeiras denúncias envolvendo seu nome e foi levado a uma das audiências da CPI pelo senador Aloysio Nunes Ferreira uma semana antes de ser convocado para entregar uma carta ao presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB) em que se colocava à disposição dos parlamentares para prestar esclarecimentos. “Perillo tem dado as mesmas explicações desde o começo. Não vejo nada de errado na ação dele”, afirmou ao site de VEJA Aloysio Nunes. “Ele não era obrigado a esquadrinhar o comprador de sua casa em Goiânia.” O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), espera que o depoimento encerre as acusações contra o governador. “São capítulos exaustivos e repetitivos, que apenas querem desviar o foco da CPI, que deve ser a Delta e o governo federal”, disse Dias. Caravana pró-Perillo – O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, vai acompanhar o depoimento de Perillo, como forma de mostrar solidariedade ao governador. Segundo Guerra, a permanência de Perillo no partido, mesmo sob ataque dos adversários, é questão pacífica. “No depoimento, ele vai se ater aos fatos. E não há nada nos fatos que comprometam o governo de Goiás nem o governador Marconi Perillo.” Um grupo de 28 deputados estaduais que formam a base do governo de Marconi Perillo na Assembleia Legislativa de Goiás seguirá de carro de Goiânia até Brasília para prestar solidariedade ao governador. No legislativo estadual, o envolvimento de Perillo com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira também é alvo de investigação, em uma homônima CPI do Cachoeira, que corre o risco de virar a CPI dos “panos quentes”, como mostrou reportagem do site de VEJA na semana passada.


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