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Após queda, Agricultura tem novo secretário-executivo

José Geraldo Fontelles substitui Milton Ortolan, que caiu depois de revelação de VEJA. Número 2 da pasta abriu as portas para lobista

Por Gabriel Castro
15 ago 2011, 19h39

O Ministério da Agricultura informou nesta segunda-feira que José Geraldo Fontelles é o novo secretário-executivo da pasta. A nomeação deve ser oficializada no Diário Oficial da União desta terça-feira.

Fontelles assume o posto no lugar de Milton Ortolan, que pediu demissão depois que VEJA revelou como o número 2 da Agricultura atendia a interesses do lobista Júlio Fróes, que tinha acesso livre no ministério. Além disso, Ortolan é acusado de cobrar até 15% de propina para firmar contratos com empresas privadas. Embora jure inocência, ele deixou o cargo assim que a reportagem foi publicada.

O novo secretário-executivo está no serviço público há mais de 40 anos e já ocupou o cargo entre maio de 2009 e março de 2011. A substituição de Ortolan, entretanto, está longe de significar o fim da crise no Ministério da Agricultura: a edição desta semana de VEJA mostra como o ministro tem uma longa ficha de problemas.

O que diz a reportagem de VEJA – No ano passado, acompanhado por Ortolan, Fróes se instalou pela primeira vez em uma sala do ministério para redigir um documento que justificava a contratação dos serviços da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foram dois dias de trabalho, ao cabo dos quais o ministro Rossi autorizou a contratação da entidade, sem licitação, com pagamentos de 9 milhões de reais. O representante da fundação beneficiada? O próprio Júlio Froes. Meses mais tarde, o lobista convocou uma reunião com funcionários que o haviam auxiliado na elaboração do documento. O encontro aconteceu na sala da Assessoria Parlamentar, no oitavo andar do ministério. Cada um que chegava recebia uma pasta. As pastas continham dinheiro – uma “agendinha”, no dizer do lobista.

Froes também se apresenta como representante do Ministério da Agricultura. Funcionários disseram a VEJA que, em certa ocasião, ele lhes contou como pediu uma “gratificação” de 10% aos donos de uma gráfica – a Gráfica Brasil – em troca da renovação de um contrato com o ministério. Mais ainda: ele assegurou ter agido assim por instrução de Milton Ortolan. “Realmente essa proposta nos foi feita por alguém que se apresentava em nome do ministro”, disse à revista um dos responsáveis pela área comercial da empresa.

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Em entrevista gravada, Júlio Fróes afirmou conhecer o ministro Wagner Rossi e o secretário executivo Milton Ortolan. Enfilerou, em seguida, um rosário de negações. Negou frequentar o prédio do ministério – onde foi flagrado pela reportagem na última quarta-feira, como atesta uma série de fotos. Negou ser representante da Fundasp, enquanto até o ministério diz que ele representou a entidade. E, subitamente, indagou: “Eu tenho gravações que comprometem o Ortolan. Quanto você me paga?”

Procurado por VEJA, o ministro Wagner Rossi afirmou inicialmente nunca ter ouvido falar no lobista. Um dia depois, sua assessoria informou, em nota, que o ministro o “cumprimentou uma vez”, em 2010. No sábado, dia 6, Rossi divulgou nota em que nega ter qualquer envolvimento com Fróes.

Investigação – A oposição pretende entrar com um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a atuação do lobista no Ministério da Agricultura. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), diz que as informações merecem apuração por parte do Ministério Público. “Temos que criar um cenário favorável à investigação judiciária e encaminhar um requerimento à PGR para que realize os procedimentos necessários”. O tucano disse que o pedido será enviado ao procurador-geral após o depoimento do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, no Senado na próxima quarta-feira.

Na ocasião os oposicionistas devem questionar o ministro sobre as novas revelações na pasta. Eles cogitam ainda convocar o lobista Júlio Fróes para prestar esclarecimentos sobre o caso na Comissão de Agricultura.

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