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Aluno que atirou em professora carregava um autorretrato no qual segurava duas espingardas

Segundo a delegada Lucy Fernandes, a preocupação agora é descobrir se houve a participação de alguém que teria induzido D.M.N a cometer o crime

Por Bruno Abbud
23 set 2011, 14h22

A escola Professora Alcina Dantas Feijão, onde aconteceu o crime, tem 16 câmeras de segurança. As imagens já estão com a polícia

Além do revólver calibre 38 que usou para atirar na professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38 anos, e depois contra a própria cabeça, D.M.N carregava outra coisa escondida na mochila que levou na tarde desta quinta-feira para a escola Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Em meio a cadernos e canetas, estava um autorretrato desenhado pelo estudante, no qual ele aparecia segurando duas espingardas cruzadas na frente do corpo. Ao lado, a figura de um homem e a palavra “professor”. A imagem ostentava a frase “Eu com 16 anos”.

Segundo a delegada Lucy Mastellini Fernandes, titular do 3º Distrito Policial de São Caetano do Sul, onde foi registrado o boletim de ocorrência, a preocupação agora é descobrir se houve a participação de outra pessoa, que teria instigado D.M.N, ou o induzido a cometer o crime. “Também queremos saber se o pai do garoto, o guarda civil municipal Nilton Nogueira, dono do revólver, guardou a arma com a cautela necessária”, contou Lucy. “Ele pode ser responsabilizado, embora eu não veja a possibilidade de indiciá-lo por homicídio, até porque ninguém foi assassinado. O que houve foi uma tentativa de homicídio e um suicídio”. A decisão final, entretanto, caberá ao promotor e ao juiz.

De acordo com a delegada, a arma usada para cometer o crime está registrada em nome de Nilton – o revólver é particular e não da guarda civil – e ficava guardada em cima de uma estante. Segundo depoimento informal de Nilton, quando notou a falta da arma ele foi até o colégio por volta das 13h para perguntar aos filhos se um deles estava com o revólver.

Ao ser questionado, D.M.N. teria dito: “Pai, a arma não está comigo, quer olhar minha mochila?” Confiando no filho, Nilton foi embora.

Bom aluno – Apesar da declaração de Silvia de Carvalho Vasconcelos, mãe de um dos alunos do 4º ano da escola, que disse que D.M.N. tinha ficado revoltado depois de tirar uma nota baixa, Márcia Gallo, diretora da escola, afirmou que o estudante jamais recebeu uma valiação inferior a sete. “Nunca houve registro de atrito entre D.M.N. e Rosileide”, declarou Mácia. “Ele era uma criança normal e perfeita”. D.M.N. estuda desde 2008 no colégio e sempre ia para as aulas acompanhado do irmão, Gleison, de 14 anos.

A coordenadora Neire Bernardete Cunha classificou D.M.N. como o menino mais tranquilo da sala. “Ele era meigo e doce”, disse.

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Embora tenham sido divulgadas declarações do namorado de Rosileide, Luís Hayakawo, afirmando que ela havia sido ameaçada por D.M.N., Márcia afirmou que ele o confundiu com um aluno problemático que cursa o 9º ano. Rosileide dá aula de língua portuguesa para cinco turmas – três do 4º e duas no 5º ano – desde 2005. Ela é professora concursada. No dia do crime, D.M.N. já havia tido aulas de matemática e ciências. A terceira aula do dia era justamente a de Rosileide, que retornaria ao 4º ano C depois do intervalo.

A escola Professora Alcina Dantas Feijão tem 16 câmeras de segurança. Algumas delas flagraram a cena de D.M.N. entrando e saindo da sala de aula antes e depois de atirar na professora. O momento dos disparos não aparece nas imagens. Naquela hora, 23 alunos estavam na classe. As fitas já estão com a polícia.

De acordo com Márcia, o colégio tem seis inspetores por período e 2.230 alunos. São 900 estudantes por turno.

A Secretaria de Educação do município está supervisionando as investigações. Segundo a delegada Lucy, o objetivo agora é descobrir o que motivou D.M.N. a cometer o crime. As aulas só serão retomadas na quarta feira da próxima semana, dia 28. Lucy pretende, ainda nesta sexta-feira, conversar com Rosileide e ouvir testemunhas que estavam na escola no momento do crime. Nilton também será chamado para depor oficialmente sobre o caso.

Atualização – 23/09/2011 – 21h50: Embora tenha circulado na tarde desta sexta-feira a informação de que D.M.N. desenhou um autorretrato no qual aparecia segurando espingardas em frente à escola, a reportagem da revista VEJA teve acesso às imagens e concluiu que não é possível dizer que elas retratam o aluno com qualquer tipo de arma. O desenho, com traços infantis, mostra um menino com duas faixas transversais na altura do peito e os dizeres: “Eu aos 16 anos”.

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