Agente da PF confirma que entregou propina a lobista do PMDB
Em depoimento, o policial afastado Jayme Alves de Oliveira Filho relatou que repassou propina para empreiteiros e empresários a mando do doleiro Youssef
O agente da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, admitiu, em depoimento sobre o escândalo do petrolão, que distribuiu propina a empreiteiros, empresários, ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e ao lobista Fernando Soares a mando do doleiro Alberto Youssef. Conhecido como Fernando Baiano, Soares é apontado como o operador de parlamentares do PMDB no esquema.
Ao relatar suas atividades criminosas no esquema responsável por fraudes em contratos com a Petrobras, Careca citou endereços da propina delivery, como os escritórios das empreiteiras OAS, Camargo Correa e UTC, e ainda disse conhecer investigados que também carregavam propina por ordem do doleiro, como Rafael Ângulo Lopez, que recentemente celebrou um acordo de delação premiada, e o irmão do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte, Adarico Negromonte.
Em depoimento, Careca detalhou ter enviado propina “duas ou três vezes” para Baiano e admitiu que em diversas outras situações despachou dinheiro para as cidades de Campos dos Goytacazes (RJ), São Bernardo do Campo (SP) e Rio de Janeiro. Pelas mãos do agente da PF, afastado do cargo depois de ter aparecido como um dos carregadores de propina de Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa também recebeu propina a mando do doleiro “por mais de seis vezes”, sempre na loja de imóveis do genro, no bairro de Ipanema.
“Às vezes eu sabia que era vinho, mas às vezes sabia que era dinheiro, mas não sabia a quantidade que estava transportando”, disse ele, que ainda admitiu que, na maior parte das vezes, levava propina para o escritório da UTC, no Rio de Janeiro, e, em outros casos, para a filial da empresa em Belo Horizonte. Na distribuição da propina, Careca também citou como beneficiários o ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, integrante do governo do ex-presidente Fernando Collor, o ex-assessor João Claudio Genu, que já foi condenado no julgamento do mensalão e o empresário Julio Camargo, da empresa Toyo Setal.
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Em mensagens trocadas com o doleiro Alberto Youssef após o delivery de dinheiro, Careca confirmava o serviço com o aviso: “terminei a entrega”.
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