Advogados de Youssef e ex-sócio discutem em audiência
Defensor do doleiro tentou, sem sucesso, questionar Leonardo Meirelles, que acusa pivô da Lava Jato de omitir patrimônio da Justiça
Os advogados de Alberto Youssef e de Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro no laboratório Labogen, trocaram farpas em audiência na 13ª Vara Federal do Paraná na tarde desta terça-feira. O duelo ocorreu durante a oitiva de cinco testemunhas de acusação convocadas pelo Ministério Público em ação penal movida contra executivos da construtora Engevix, por participação no esquema de corrupção da Petrobras.
Meirelles é réu em três ações penais e foi uma das testemunhas convocadas pelos procuradores da República no processo movido contra executivos da Engevix acusados de corromper o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em troca de facilidades em contratos da estatal. O suborno passou por empresas de fachada de Youssef, de acordo com a denúncia. Mas, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Meirelles, também doleiro e ex-parceiro de Youssef, acusou este de ter omitido patrimônio do acordo de delação premiada fechado com Ministério Público e Polícia Federal.
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Com a briga deflagrada entre os ex-parceiros, a audiência virou um round para os defensores. Figueiredo Basto, advogado de Youssef, tentou aproveitar a fala de Meirelles para questioná-lo sobre seu passado de doleiro. Haroldo Nater, que defende Meirelles, reagiu, orientou o cliente a ficar em silêncio e o advogado de Youssef deixou a sessão extremamente irritado.
“Queria que ele falasse sobre a atividade de doleiro dele que era anterior ao Alberto. O que aconteceu hoje aqui é lamentável”, afirmou Figueiredo Basto. Irritado, disse se arrepender de ter fechado um acordo de delação premiada para o doleiro na Justiça.
Não é à toa. Se os investigadores constatarem que Youssef omitiu patrimônio, ele perde todos os benefícios do acordo e continuam válidas as confissões e provas entregues à investigação. Ou seja, Figueiredo Basto tem razões de sobra para estar irritado com o ex-sócio do doleiro. Meirelles disse que o advogado de Youssef tentou tirar o foco da ação penal contra executivos da Engevix para atacá-lo.
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“O advogado de Youssef está entrando em desespero, porque ele não falou a verdade por completo. Ele quer desviar o foco. Não respondi às perguntas porque não vou criar prova contra mim. Nater interferiu, porque é meu advogado”, defendeu-se Meirelles ao site de VEJA por telefone.
A audiência provocou bastante expectativa porque marcou o primeiro depoimento da ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa. De acordo com advogados que participaram da audiência, ela reiterou situações suspeitas identificadas no período em que foi subordinada do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Venina entrou e saiu escondida do fórum, dentro de um táxi.
Para apontar a participação da Engevix no esquema de corrupção, foram interrogados os empresários Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto, que fecharam acordo de delação premiada e entregaram como funcionou o cartel de empreiteiras cujos tentáculos atingiram a Petrobras.