Criminosos já chegaram esfaqueando ciclista, diz testemunha

Um homem que presenciou o ataque a facadas que matou o ciclista Jaime Gold, de 57 anos, no Rio de Janeiro contou à Polícia Civil que os dois jovens suspeitos, com aparência de 16 anos de idade, nem sequer renderam a vítima: de pronto, desferiram golpes com uma “faca enorme” contra o ciclista e roubaram o celular do médico. Jaime Gold pedalava nos arredores da Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio. Os adolescentes chegaram e fugiram de bicicleta, um indício de que moram em alguma favela próxima, segundo a polícia.

A testemunha trabalha como frentista em um posto de gasolina da região. Ele afirmou que os assaltantes escaparam pedalando em direção ao túnel Rebouças, que liga a Zona Sul à Zona Norte da cidade.

A Polícia Civil tenta agora localizar imagens de câmeras de segurança do local do crime, que ocorreu por volta das 19 horas na esquina da Avenida Epitácio Pessoa com a Rua Tabatinguera. Os investigadores tentam rastrear o código único de identificação (IMEI) do celular da vítima, que pode ajudar a localizar os dois adolescentes que praticaram o assalto.

O residente em neurocirurgia Roberto Oberg, de 33 anos, foi quem prestou os primeiros socorros ao ciclista. Oberg contou que estava correndo ao redor da lagoa havia 20 minutos quando encontrou Gold bastante ensanguentado, apoiado em um arbusto, enquanto pessoas à volta dele pediam socorro e chamavam a polícia.

“Estava correndo próximo ao Clube de Remo do Botafogo e vi umas senhoras berrando, levantando os braços. Quando cheguei mais perto, vi uma pessoa apoiada no arbusto. E via a cena de sangue escorrendo no chão. Me identifiquei como médico. Ele disse que também era médico e que foi vítima de assalto”, contou o residente, em entrevista à Rádio CBN.

Oberg disse que deitou o ciclista no chão e tentou estancar o sangue. O médico foi perdendo a consciência. “Ele tinha ferimento na axila e o principal era no abdômen, do lado esquerdo, de onde saía uma víscera que não foi possível identificar. Só deu para tentar estancar o sangue e chamar ajuda”, contou. Logo depois, os bombeiros chegaram e assumiram o atendimento. De acordo com Oberg, o clima na Lagoa era de desespero. “Algumas pessoas gritavam, outras pediam socorro e chamavam a polícia.”

Jaime Gold foi levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea, também na Zona Sul, onde foi submetido a cirurgia, mas não resistiu.

A direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lamentou em nota a morte de Jaime Gold, descrito como “grande profissional da unidade hospitalar”, onde trabalhava como cardiologista havia 26 anos.

(Da redação, com Estadão Conteúdo)