Disputa apertada coloca em xeque reinado do PT no AC
Pela primeira vez nas duas últimas décadas, escolha do governador será resolvida no segundo turno – disputam Tião Viana (PT) e Márcio Bittar (PSDB)
Nas últimas semanas, o senador acreano Jorge Viana (PT), irmão do candidato à reeleição pelo Estado Tião Viana, divulgou fotos nas redes sociais nas quais aparece distribuindo santinhos e adesivos pelas ruas da capital Rio Branco. Apesar de fazer questão de dizer que tem papel ativo em todas as campanhas de aliados no Estado-natal, o senador e sua atitude refletem que pela primeira vez nos últimos dezesseis anos o PT terá que suar a camisa para manter a hegemonia no Acre.
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A disputa apertada colocou o rival tucano Marcio Bittar a apenas dois pontos porcentuais atrás de Tião Viana, segundo as últimas pesquisas. Pela primeira vez em vinte anos, o Acre irá eleger um governador no segundo turno – nas cinco eleições anteriores, as urnas definiram o escolhido no primeiro turno.
Um dos fatores que contribuíram para a ameaça à hegemonia do PT foi a influência da candidatura de Marina Silva (PSB) no primeiro turno. Tradicional aliada dos irmãos Viana, Marina venceu no seu Estado-natal onde ficou em primeiro lugar, com 41,99% dos votos. O fato de não ter apoiado a ex-seringueira no primeiro turno atrapalhou Tião Viana, que preferiu se manter fiel à aliança política com Dilma Rousseff, candidata do PT. “Mantivemos o compromisso conforme nossa aliança com o governo federal e não apoiamos Marina, isso deixou o eleitor confuso”, disse o petista ao site de VEJA logo após saber o resultado das urnas, no último dia 5.
Um dos Estados com a maior dívida pública do país – chegou a 68,5% da receita em 2013 -, o Acre também tem no funcionalismo público uma das principais fontes de emprego, com 56 órgãos estaduais. A dependência do governo federal é latente por causa da incidência dos programas sociais na renda familiar. Cerca de 33% da população (78.619 famílias) recebem renda do Bolsa Família e, em 2013, foi investido 1,1 bilhão de reais para a construção de mais de 10.000 casas populares do projeto Cidade do Povo.