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A webmilitância

A mobilização social pela internet tem revitalizado o papel do militante político nas campanhas

Por Domitila Becker
17 set 2010, 22h16

“A web possibilita aos militantes atuarem de forma efetiva com pouco investimento. Com apenas um clique é possível atingir milhares de eleitores. Não é mais necessário gastar tempo nem dinheiro para ir a comícios ou reuniões”

Antes em camisetas, broches e bonés, os logotipos dos partidos agora ilustram perfis em redes sociais. Os panfletos viraram e-mails. As discussões acaloradas nas ruas e nos bares são feitas, silenciosamente, em 140 caracteres. Uma das principais novidades desta eleição é a mobilização social pela internet; O movimento tem o mérito de revitalizar o papel do militante político nas campanhas.

“A web possibilita aos militantes atuarem de forma efetiva com pouco investimento”, explica o cientista político Rubens Figueiredo, diretor do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação (Cepac). “Com apenas um clique, é possível atingir milhares de eleitores. Não é mais necessário gastar tempo nem dinheiro para ir a comícios ou reuniões”. Para Figueiredo, o fator custo-benefício tem contribuído para aumentar o número de militantes.

Na eleição deste ano, todos os partidos – inclusive os nanicos – adotaram estratégias virtuais. Elas incluem a divulgação on-line das propostas e das agendas dos candidatos, a distribuição de material de campanha, o cadastramento dos eleitores em sites e a participação em redes sociais como o Facebook, o Orkut e o Twitter. Além disso, foram publicadas cartilhas com conselhos para a mobilização virtual de eleitores. O PSDB, por exemplo, estimula os simpatizantes de José Serra a enviar e-mails em larga escala sobre a campanha. Os coordenadores da campanha tucana ressaltam que são bem-vindas vídeos postados no Youtube.

Os especialistas divergem sobre a eficácia dessas estratégias para conquistar votos, principalmente porque o alcance da internet no Brasil ainda é pequeno. Cerca de 30% da população tem acesso à rede, enquanto nos países ricos a taxa média é de 64%, segundo dados da União Internacional de Telecomunicações. “O fato é que o uso do marketing viral na web é fundamental para incentivar a mobilização pessoal”, acredita Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília (UnB). “Nesse ponto, a tática funciona”. Figueiredo acrescenta que a webmilitância é um complemento do trabalho boca a boca e não substitui a militância tradicional – que distribui panfletos, carrega placas e participa de comícios.

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O PV foi uma das primeiras legendas a entrar nas redes sociais, em 2007, com a intenção de mobilizar mais de cem mil internautas. “O número de militantes que vão para as ruas é bem menor, mesmo assim, é preciso ir, não tem jeito”, destaca Fabiano Carnevale, Secretário Nacional de Comunicação do PV. “O objetivo é criar um fluxo constante entre as ruas e a rede”.

José Arcanjo Araújo pertence à velha geração de militantes. Aos 66 anos, está no PT desde a criação do partido, em 1980. Metalúrgico aposentado, Zé Preto, como é conhecido, acredita que a militância atual é menos engajada com as lutas sociais. “Os jovens não fazem mais como nós fazíamos”, lembra, com um tom de voz de desapontamento. “A gente saía às 5h da manhã e só voltava às 2h da madrugada. Íamos de porta em porta conversar com os moradores e conhecer as dificuldades e as necessidades de cada um. Hoje são poucos os que vão à luta”.

Para conhecer as atividades e o discurso dos webmilitantes, VEJA conversou com filiados dos partidos dos três principais candidatos à Presidência. Gustavo Anitelli, do PT, Oziel de Souza, do PSDB, e Edercino Tolentino, do PV. Todos têm menos de 30 anos e costumam passar horas discutindo política ou escrevendo sobre a legenda na internet. A escolha do partido tem motivações diferentes para cada um, mas em um aspecto o discurso dos três se assemelha: a crença de que o trabalho que fazem é fundamental para a construção de um Brasil melhor, seja ele petista, tucano ou verde.

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