Em sua delação premiada, a secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares disse não saber quem preparava as planilhas com detalhes de pagamento de propinas pela empreiteira, apreendidas pela Polícia Federal. De acordo com Maria Lúcia, ela apenas as consultava para encaminhar os pagamentos feitos pelos chamados “prestadores” da Odebrecht, entre os quais Fernando Migliaccio, Roberto Prisco Ramos e Hilberto Mascarenhas. O desconhecimento era tamanho que ela diz ignorar o significado dos codinomes e senhas usados pela empreiteira para distribuir dinheiro sujo. Um deles, no entanto, marcou a secretária-delatora. “O único codinome do qual a declarante conhecia o significado era Feira; que Feira era Mônica Moura”, diz o relatório da delação. Mônica é mulher e sócia do marqueteiro João Santana e, assim como ele, foi presa na 23ª fase da Operação Lava Jato. Dois motivos estimulam a memória de Maria Lúcia: um bilhete entregue a ela pelo seu então chefe, Mascarenhas, com o nome e os telefones de Mônica, e o fato de que a mulher de Santana foi uma das poucas pessoas a quem Maria Lúcia entregou valores em espécie pessoalmente. (João Pedroso de Campos, de Brasília)