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A receita da morte na UTI: 346 prescrições, 317 mortes imediatas

Polícia Científica do Paraná encontra mais de 91% de mortalidade entre os pacientes que receberam medicamentos por ordem da médica Virgínia Helena Soares de Souza

Por Leslie Leitão 8 abr 2013, 15h47

Na última sexta-feira, a Polícia Científica do Paraná concluiu uma análise eletrônica no material apreendido no Hospital Evangélico de Curitiba. O relatório que chega às mãos do Ministério Público esta semana mostra que, entre janeiro de 2006 e 8 de fevereiro de 2013, a médica chefe do setor Virgínia Helena Soares de Souza, assinou 346 prescrições. Como revela a edição de VEJA desta semana, 317 pacientes que receberam os medicamentos acabaram morrendo no mesmo dia das aplicações – ou seja, mais de 91,6% dos que receberam o coquetel tiveram complicações que levaram ao óbito. A mortalidade é atípica mesmo quando comparada dentro da mesma unidade de saúde. Em 128 prescrições por outros médicos, no mesmo período, só houve 17 mortes, ou seja, mortalidade de 13,2%.

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Agora, todos os prontuários passarão pelas mãos de uma comissão médica que, após nova análise, enviará os casos mais suspeitos para que sejam investigados pelo Núcleo de Combate aos Crimes Contra a Saúde Pública (Nucrisa). Os peritos descobriram também que, desse grupo de 17 mortos de prescrições feitas por outros médicos, em pelo menos cinco casos a combinação dos medicamentos foi prescrita por Edison Anselmo, outro médico da UTI Geral que, junto com Virgínia, já havia sido denunciado por outras sete mortes, em fevereiro passado.

Os dados obtidos por VEJA são a ponta de um iceberg que será explorado e esmiuçado em novo inquérito da delegacia especializada da Polícia Civil paranaense. “Temos material suficiente para fazer a denúncia em vários dos 21 casos. Mas, aprofundando as investigações, poderemos ouvir novas testemunhas e desvendar um a um. Analisaremos também os mais de 300 prontuários de morte. Não se pode dizer que todos são casos de homicídio, mas essa coincidência grande pode representar um modus operandi”, afirma a promotora Fernanda Nagl Garcez, que coordena as investigações.

Além desses novos casos suspeitos, outros 28 casos já foram analisados pelo Ministério Público e sete resultaram em denúncia de homicídio. Os outros 21 estão seguindo para o Nucrisa para a abertura de inquérito. A grande dificuldade da investigação é relacionar os casos suspeitos, em que as mortes se deram pouco depois da aplicação dos medicamentos, com depoimentos de testemunhas que confirmem a redução proposital dos parâmetros de oxigênio de cada um desses pacientes. O MP conseguiu cruzar indícios e testemunhos para alguns dos casos suspeitos, um deles o do aposentado Manrique Manoel Neiva Negrão, de 73 anos, que sofria de um câncer maligno. Num depoimento obtido por VEJA, a técnica de enfermagem que trabalha no local desde 2009 relata: “O paciente estava bem. Durante o período de visita havia pedido os óculos para ler um livro, estava respirando com auxílio de névoa úmida, ou seja, aparelho mecânico. Ocorre que o médico Edison Anselmo prescreveu uma sedação para o paciente. Nisso, já imaginou o que iria acontecer (o desligamento do aparelho), e se negou a sedar, sendo que sua chefe (Patrícia) sedou ele (sic), colocou na respiração mecânica e foi abaixando os parâmetros do ventilador. Em 20 minutos o paciente veio a óbito”.

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