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A juíza linha-dura que enfrenta sindicalistas

Desembargadora Rilma Hemetério, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT), exige que grevistas voltem ao trabalho. 'Com 100% da frota ativa já há sofrimento para o trabalhador', diz

Por Mariana Zylberkan
8 jun 2014, 09h27

Na primeira reunião de conciliação entre o sindicato dos metroviários e a Companhia Metropolitana de São Paulo (Metrô), na última quinta-feira, a desembargadora Rilma Hemérito, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), chamou atenção dos presentes. Linha-dura, a única mulher rodeada por sindicalistas exigia o cumprimento de uma liminar, expedida no dia anterior, obrigando a categoria a manter 100% da frota ativa no período de pico durante a greve. “A minha ordem não foi para os senhores submeterem a apreciação na assembleia, a minha ordem foi para ser cumprida”, esbravejou. Bronca parecida foi dada pela desembargadora aos sindicalistas em outra reunião, que determinou os rumos da greve dos motoristas e cobradores de ônibus que travou São Paulo há duas semanas. “Esse serviço só existe porque tem passageiro. Nós, o povo, temos o direito de ir e vir”, argumentou, na tentativa de convencer a categoria acabar com a paralisação.

Aos 61 anos – 33 deles como juíza trabalhista -, Rilma é contundente no discurso. Dedo em riste, a desembargadora reclamou aos grevistas de “senhorinhas que têm o direito de ir ao médico” e do “rapaz que estava levando os documentos para o primeiro emprego”. Nos dois casos, a viagem não deu certo porque os motoristas e cobradores de ônibus cruzaram os braços. “Não posso transferir para a população a discussão sobre aumento salarial entre patrão e empregados”, disse ao site de VEJA.

Agora, Rilma tem enfrentado críticas dos metroviários por exigir que toda a frota circule no horário de maior demanda. O presidente do sindicato, Altino Melo dos Prazeres, reclamou: “Se atendermos, não será greve”, disse na assembleia da categoria. “Nós estamos no Brasil e não na Suíça. A população é tão carente de transporte público que mesmo com 100% da frota ativa já há sofrimento para o trabalhador. Então, não há como oferecer menos”, rebateu a desembargadora.

Apesar da atitude firme diante dos sindicalistas, Rilma afirma ser uma defensora dos direitos dos trabalhadores. “Isso vem da minha origem proletária, seria um desatino da minha parte priorizar alguns em detrimento de outros”, diz. Por origem proletária, ela cita a influência do avô, um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista, na década de 1950, a quem tem como referência na vida.

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A intermediação em causas de destaque e a consequente aparição no noticiário se traduz em notoriedade na cidade-natal da desembargadora, Caxambu, no sul de Minas Gerais, que ela deixou no início dos anos 1970 para cursar Direito na Universidade de São Paulo (USP). Caçula de três irmãos, sua atuação na corte trabalhista sempre é motivo de curiosidade. “Alguém sempre vem me falar que a viu na TV ou no jornal”, diz o advogado Avilmar Hemetério, irmão de Rilma.

A família de profissionais do Direito inclui uma irmã e três sobrinhos. Para a família, o estilo contundente é visto com naturalidade. “Ela sempre teve gênio forte e não leva desaforo para casa”, diz o irmão Avilmar.

Há um ano, Rilma foi eleita vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região de São Paulo. Mas, ela fala com entusiasmo mesmo do projeto que coordena desde outubro do ano passado, o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos Coletivos, que estabelece uma estrutura para as partes tentarem uma conciliação em ações trabalhistas coletivas. O projeto foi motivado pela demissão coletiva dos funcionários do banco Santander, no fim de 2012, quando mais de mil bancários foram demitidos no país. O núcleo sediou três reuniões entre o sindicato dos metroviários e o governo de São Paulo a respeito do reajuste salarial, todas sem acordo, o que culminou na deflagração da greve da categoria na última quarta-feira. “Tinha que ter algo nesse tribunal que diminuísse o conflitos. Na Justiça do trabalho, o ser humano é mais importante”, diz a juíza.

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