Barbiere acusa deputado do PV de vender emenda
Conforme o petebista, Dilmo dos Santos, um dos membros do Conselho de Ética, fez sete indicações negociadas para cidades do interior
O deputado Roque Barbiere (PTB), pivô das acusações de venda de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo, revelou na noite desta quarta-feira, em discurso no plenário, o primeiro nome de um colega que, segundo ele, integra o esquema. Trata-se de Dilmo dos Santos (PV), um dos membros do Conselho de Ética. Conforme o petebista, o parlamentar do PV fez sete indicações negociadas para cidades do interior.
“A imprensa, sem que eu desse um nome, podia investigar”, instigou Barbiere. “Por exemplo, essa eu já assumo, o membro do Conselho de Ética José Dilmo mandou para a minha região sete emendas para fazer barracões, todas de 150 mil reais, para caracterizar a carta-convite. Logicamente, só foi por isso. A imprensa, não o deputado Roque Barbiere, foi a Lourdes (SP) entrevistar o prefeito Franklin. Perguntaram para que serviria o barracão. Ele disse que não sabia. Foram entrevistar o João, presidente da Câmara. Ele também disse que não sabia. O que significa? Que esse prefeito não correu atrás dessa verba, ela foi oferecida a ele por alguém”.
Os barracões aos quais se referia são galpões multiuso indicados por Dilmo para cidades do interior. O único que o deputado verde admite ter saído de emenda da sua cota de 2 milhões de reais é o da cidade de Lourdes. Os outros, diz, foram indicações que fez ao governo, fora de sua cota.
Parte das informações trazidas à tona por Barbiere haviam sido publicadas na imprensa em semanas anteriores. O pivô das acusações de venda de emendas ainda levantou suspeitas sobre a forma de contratação das empresas queexecutam as obras. “Coincidentemente, três cartas-convite foram apresentadas pelo mesmo engenheiro. Isso é normal? Não é normal”, afirmou.
Ministério Público – O deputado petebista voltou a sustentar que levará nomes e testemunhas ao Ministério Público e agradeceu o Conselho de Ética por tê-lo convidado – e não convocado – a dar explicações. “Quero agradecer ao Conselho de Ética que, por cortesia, me convidou em vez de convocar, pois se convoca bandido”, disse. Embora tenha ido à tribuna e prometa falar aos promotores, o deputado tem se recusado a comparecer ao Conselho de Ética, para o qual enviou um relato de diversas páginas em que não aponta nomes de parlamentares supostamente envolvidos no esquema.
Barbiere subiu à tribuna nesta quinta-feira depois que o deputado Carlos Giannazi (PSOL) discursou em favor do prosseguimento de um processo contra o petebista caso ele não apresente os nomes dos supostos envolvidos nas vendas de emenda. O deputado ainda se gabou da aprovação de projetos elaborados em conjunto por todas as lideranças da Casa que pretendem dar mais transparência à indicação e à execução das emendas. “O projeto só saiu por causa das minhas denúncias”, afirmou Barbiere.
Durante a reunião do conselho, o deputado Campos Machado (PTB) disse que Barbiere ligou para Dilmo para pedir desculpas, versão confirmada por Dilmo. Barbiere não quis comentar o assunto.
(Com Agência Estado)
LEIA TAMBÉM:
“Tenho medo de morrer”, diz testemunha de venda de emendas na Alesp