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Os 25 anos do MST: invasões, badernas e desafio à lei

Por Da Redação
23 jan 2009, 20h33

Na última terça-feira, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) completou 25 anos. Mantendo a falsa bandeira de sua incansável luta pela reforma agrária, o MST conseguiu permanecer impune das ações criminosas que cometeu ao longo de sua existência. Há tempos que a organização não quer mais apenas um pedaço de terra – e sim toda a terra. Em reportagens realizadas ao longo dos anos, VEJA acompanhou o crescimento, a desmoralização e os crimes cometidos por essa organização que não possui sede fixa e nem estatuto.

Em 19 de junho de 1985, VEJA registrou a confusão provocada pelo então presidente José Sarney ao anunciar seu Plano Nacional de Reforma Agrária. A revista afirmou que Sarney “atingiu um vespeiro que havia vinte anos não estava tão agitado”. Naquela ocasião, 45 famílias invadiram, armadas de foices e facões, uma área de 1.300 hectares no Ceará. Assustados, os proprietários de terras passaram a armar seus funcionários com revólveres e espingardas. “A ordem é clara: atirar primeiro e perguntar depois”, dizia a revista.

Cinco anos depois, em 15 de agosto de 1990, a revista registrou um grande conflito que chocou a população brasileira. “Pontudas e afiadas, empunhadas por homens de braços musculosos e botinas cobertas de terra, centenas de foices fizeram sua mais trágica aparição nos conflitos sociais do país, na Praça da Matriz, bem no centro de Porto Alegre”. Cerca de 400 agricultores confrontaram a lei sem nenhum pudor. Eles montaram um acampamento a poucos metros do Palácio Piratini, sede do governo estadual. No fim, depois de tiros disparados pela tropa de choque, vidraças quebradas e alguns feridos, o saldo final: um soldado da Brigada Militar foi assassinado. “Degolado, o soldado cambaleou alguns passos, disparou um tiro a esmo e caiu no asfalto, onde os assassinos o deixaram agonizar até ser recolhido por um comerciante das proximidades”, dizia a revista.

Em 23 de abril de 1997, VEJA registrou uma marcha que reuniu 40.000 pessoas. Na reportagem, a revista definiu o MST: “A rebeldia é a marca do MST. Os sem-terra não aguardam quietinhos as decisões da Justiça. Não fazem lobby para modificar as leis no Congresso. Não, nada disso. Eles tomam as terras primeiro, conversam depois. São gente brava, que invade o terreno onde se funda a ordem capitalista: a propriedade privada”.

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Naquele mesmo ano, na edição de 6 de agosto, VEJA traz uma entrevista com o líder do Movimento dos Sem-Terra, o economista João Pedro Stedile. Em suas declarações, ele critica o governo Fernando Henrique Cardoso – o presidente que havia realizado o maior número de assentamentos – e afirma que está empenhado em derrubar o modelo econômico neoliberal. “Aqui vem o meu alerta para Fernando Henrique e a elite brasileira: se uma população tão grande de excluídos continuar à solta, sem organização, aí sim o Brasil vira barril de pólvora”, disse o líder.

As invasões e saques em bancos e delegacias promovidas por militantes do MST provocaram indignação no então presidente Fernando Henrique Cardoso. “Quando o MST entra num banco é igualzinho, igualzinho, a alguém que entrou num banco como assaltante”, afirmou na edição de 3 de junho de 1998.

Ainda em 1998, na edição de 7 de outubro, o líder dos sem-terra, Jaime Amorim, chegou admitir o uso da luta armada em algumas circunstâncias.

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Dois anos mais tarde, VEJA de 10 de maio de 2000 registrou a ação “mais espetacular” do MST desde que foi criado. “Numa operação relâmpago e inédita, cerca de 5.000 sem-terra ocuparam prédios públicos em catorze capitais. Outros 25.000 realizaram invasões pelo interior e passeatas. Em três lugares, foram atacadas sedes regionais do Incra, o órgão do governo federal encarregado da reforma agrária. Em onze, o MST escolheu escritórios do Ministério da Fazenda”, relatou a reportagem. Segundo a reportagem, o MST pretendia tomar o poder no país por meio da revolução. A partir daí, a estratégia seria implantar no Brasil um socialismo tardio.

Segundo uma pesquisa realizada em novembro de 2000, 57% da população não apoiava o movimento e 67% acreditava que sua ação é mais política do que social. Outros 70% afirmaram que os líderes conduzem as reivindicações de maneira errada e 87% defenderam que o governo fizesse uma auditoria nas contas do movimento. Os dados foram revelados pelo então ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, em entrevista às páginas amarelas de VEJA de 15 de novembro de 2000.

Na edição de 18 de junho de 2003, VEJA trouxe uma reportagem de capa com José Rainha Júnior, um dos líderes mais rebeldes do MST. Os repórteres relatam a experiência de acompanhar o cotidiano e fazem um panorama histórico do anticapitalista e antiimperialista Rainha. “Para colocar o nome na lista dos sem-terra, os candidatos precisam apenas montar e cobrir o barraco. Se o movimento acenasse com a possibilidade de ganhar uma bicicleta, moto ou aparelhos de TV em vez de um pedaço de terra, estaria arregimentando gente com o mesmo tipo de sucesso. Muitos vão embora ao cabo de alguns dias e abandonam os barracos. Os que ficam são os mais miseráveis, atraídos pelas cestas básicas enviadas pelo governo”, dizia a revista.

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