21,3% de acidentados em moto usaram droga ou álcool
Pesquisa foi realizada pelo Hospital das Clínicas com 326 motociclistas acidentados na capital; número de mortes cresceu 27% em sete anos
Dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo apontam que uma em cada cinco vítimas de acidente de moto na capital paulista havia consumido algum tipo de droga ou álcool antes do acidente: 7,1% consumiram álcool e 14,2% usaram alguma droga ilícita – cocaína e maconha são as mais comuns.
Os dados mostram ainda que entre os 7,1% que consumiram álcool antes de dirigir, apenas 1% estava com a dosagem considerada segura de álcool no sangue: menos de 0,6 g/l. Todos os outros condutores estavam com doses acima de 0,6 g/l – o que é considerado um fator de risco altíssimo para acidentes.
Ao todo, a pesquisa coletou dados de 326 vítimas de acidentes de moto que aconteceram entre fevereiro e maio. Os dados referem-se aos acidentes que aconteceram na Zona Oeste da capital – região que engloba as duas marginais (do Pinheiros e do Tietê), parte do Corredor Norte-Sul, Avenida Rebouças e outras vias de movimento. Sete morreram no hospital e dez no local do acidente. É nessa região que fica o complexo do HC, referência no atendimento às vítimas de acidentes no trânsito.
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Esta foi a primeira vez que os pesquisadores coletaram amostras de saliva dos acidentados e as enviaram para análise num laboratório nos Estados Unidos, que avaliou a presença de álcool e de mais de trinta tipos de drogas no organismo. Também foi a primeira vez que a pesquisa realizou uma perícia técnica no local do acidente (referente a 141 vítimas), para analisar a dinâmica do caso.
“É assustadora a quantidade de álcool entre as vítimas. Também chama a atenção o uso de cocaína como agente estimulante. Isso ajuda a explicar a epidemia de acidentes com motos na cidade”, diz a fisiatra Júlia Greve, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pela pesquisa. “Os condutores confirmavam o uso de álcool ou droga, o que demonstra que eles não veem isso como um fator de risco para acidente.”
Sem habilitação – Ainda de acordo com a pesquisa, 44% dos acidentados de moto na cidade sofreram lesões graves e mais de uma fratura e 23% deles não tinham habilitação para dirigir moto. Apesar de 90% dos motociclistas estarem usando capacete, só 17,8% estavam com o trio capacete, jaqueta e bota como itens de segurança.
Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostram que a frota de motos na cidade praticamente dobrou nos últimos sete anos: cresceu de 490 754 em 2005 para 962 239 em 2012. No mesmo período, o número de acidentes com motos cresceu 35% e a quantidade de motociclistas mortos aumentou 27%.
(Com Estadão Conteúdo)