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Voto de jovens pode decidir eleição no Reino Unido

Os trabalhistas fizeram intensa campanha nas redes sociais. No Twitter, Corbyn tem mais de um milhão de seguidores, três vezes mais do que May

Por Verônica Sesti, de Londres
6 jun 2017, 17h41

Faltando apenas dois dias para as eleições no Reino Unido, sete em cada dez eleitores com menos de 24 anos declaram seu voto para Jeremy Corbyn. Entre as pessoas com 25 a 49 anos, o candidato trabalhista tem 47% da preferência, contra 32% da atual primeira-ministra, Theresa May. Os números, constatados por uma pesquisa do YouGov, indicariam uma provável derrota esmagadora da premiê, não fosse um detalhe: a juventude britânica é parcela da população com menor participação eleitoral de todo o Reino Unido.

“Existe uma apatia geral das pessoas mais jovens em relação à política e é uma tendência que vai muito além do Reino Unido. Aqui, particularmente, não há nenhum partido que traga as posições dos jovens como uma questão principal, nenhum apresenta ideias inovadoras ou radicais que atraem esse eleitorado,” explicou o italiano Marco Giani, professor de política na London School of Economics.

Em 1992, 75% das garotas e rapazes entre 18 e 24 anos foi às urnas, já em 2005 essas parcela caiu para 44%. Desde então a restrita participação se manteve na casa dos 40%. Em 2016, na talvez mais importante decisão política de suas vidas, uma grande porcentagem dos jovens não votou sobre o Brexit. Mesmo desejando a permanência no bloco europeu, quase 40% dos jovens se absteve no referendo. O resultado, decidido por uma maioria de apenas 52%, deixou a juventude de toda a nação indignada. Se mais deles tivessem ido às urnas, quem sabe o resultado fosse diferente.

A abstinência nas eleições tem seu preço. Além de perder o livre acesso ao bloco europeu, a juventude viu nos últimos anos o governo aumentar as mensalidades universitárias, reduzir os benefícios de habitação e cortar o subsídio educacional.

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Mas, será que os jovens britânicos aprenderam sua lição? O remorso poderia levá-los às urnas na quinta feria? Giani acha improvável: “A participação dos jovens foi muito baixa no Brexit e essa foi uma questão realmente importante para eles, então eu ficaria surpreso se sua presença fosse maior nesta eleição”, diz.

Campanha

Assim como no referendo do Brexit, a nação está novamente divida pelas diferentes gerações. De um lado os jovens, que buscam novas propostas e representação. De outro, parcelas mais velhas da população, conservadoras e apegadas a propostas nacionalistas e ideias antigas de segurança, poder e hegemonia. Este cenário afetou a estratégia de campanha dos dois partidos.

Theresa May fez propostas mais atraentes para os eleitores maduros. Ao longo de sua campanha, a premiê evitou escolas e universidades, enquanto sua atividade em mídias sociais foi fraca. Mesmo na semana final de inscrição no sistema eleitoral, a primeira-ministra sequer incentivou a maior participação jovem.  “Eu não acredito que os Tories representem a minha geração, a mim ou ao modo que eu vivo a minha vida” afirmou o estudante britânico Ady-Lee Sharples.

Já os trabalhistas de Corbyn arriscaram-se com uma estratégia nova, mais a esquerda, em busca do voto dos jovens. O partido apresentou propostas menos rígidas para o Brexit e focou-se mais em políticas populistas e temas tais como a educação universitária gratuita e o maior investimento no sistema de saúde publico. Corbyn utilizou-se também do apoio publico de músicos e celebridade como Lilly Allen, Danny De Vitto e os Libertines – chegando atá a subir no palco com os roqueiros.

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Os trabalhistas buscaram encorajar a maior participação da juventude britânica nestas eleições por meio das redes sociais e lançaram uma campanha online que dava ingressos a festivais do movimento musical Grime a jovens que se inscrevessem no sistema eleitoral. O trabalho deu resultados. No Twitter, por exemplo, Corbyn tem mais de um milhão de seguidores, três vezes mais do que May.

Mesmo com toda essa dedicação, no entanto, Corbyn não conquistou totalmente seu eleitorado alvo. Os jovens se questionam de onde virá o dinheiro que sustentará as promessas nacionalistas do candidato, enquanto a re-estatização é uma medida vista como algo extremamente atrasado em toda a Europa.

Além disso, com medidas como a estatização das ferrovias e a criação de um novo banco nacional de investimento, o “novo” esquerdismo da legenda parece extremista para muitos no país, acostumados ao centrismo que vem guiado a esquerda britânica nas ultimas décadas, mas está longe de ser revolucionário ou inédito.

“Corbyn acabou por trazer maior ativismo e aumentou consideravelmente a excitação dos jovens para com os trabalhistas,” diz Giani. “Houve um aumento no ativismo, mas eu não acho que isso mudará consideravelmente a participação nas urnas”, completa.

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