O Uruguai ratificou nesta quinta-feira sua vontade de passar a presidência temporária do Mercosul à Venezuela, apesar da oposição de Brasil, Paraguai e Argentina.
“O governo uruguaio, em exercício na presidência temporária do Mercosul, reitera sua posição no sentido de passá-la, conforme estabelecido pelas normas vigentes do Mercosul”, assinalou um comunicado publicado pelo Ministério de Relações Exteriores. Segundo essas normas, o Uruguai deve fazer o processo de passagem da presidência rotativa do grupo à Venezuela, decisão que contraria os demais países do bloco.
O Mercosul atravessa uma importante crise na transferência do comando do bloco ao governo de Nicolás Maduro.
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O Brasil, cujo governo interino de Michel Temer é duramente criticado por Caracas, quer adiar até agosto a discussão sobre a transferência da presidência do Mercosul, segundo o chanceler José Serra, que na terça-feira visitou seu par uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, em Montevidéu. Acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra pediu “mais tempo” antes de o país passar o posto para a Venezuela.
O Paraguai também se manifestou contra a decisão uruguaia. O chanceler Eladio Loizaga declarou na semana passada que o país não aceita a transferência da presidência temporária do bloco regional a uma nação cujo governo “está buscando o fim da Assembleia Nacional, que é a voz do povo”.
Do lado argentino, em declarações reproduzidas pelo jornal La Nación, o presidente Mauricio Macri disse em Bruxelas: “Nós vamos presidir o Mercosul nos próximos meses”. Macri havia dito ao jornal espanhol ABC que o governo venezuelano de Maduro “violou todos os direitos humanos” e “levou à fome e ao abandono a população venezuelana. Por isso, necessitam de um referendo, necessitam ir às eleições o mais rápido possível”.
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O Mercosul suspendeu sua cúpula presidencial de julho. Uma reunião de ministros poderá ocorrer em Montevidéu na próxima segunda-feira.
(Com AFP)