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Uma crise existencial republicana chamada Donald Trump

Apesar de todos os esforços, o presidente americano não consegue reunir os membros do partido em torno de seus objetivos

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 abr 2017, 17h10

Após 100 dias de governo, uma das maiores ameaças para Donald Trump é a desavença com o Partido Republicano no Congresso. Desde antes da posse, algumas alas da legenda se recusam a aceitar as controversas medidas políticas do atual presidente.

“Com a atual taxa de aprovação e com a agenda não consensual dentro do Partido Republicano, fica improvável que o presidente reúna recursos políticos para aprovar integralmente suas propostas, mesmo com a expressiva maioria congressual republicana”, diz Emmanuel Oliveira Junior, professor de Relações Internacionais da FECAP.

O cancelamento da votação sobre a reforma da saúde – que substituiria o Obamacare – foi resultado desta agenda não consensual. O projeto de lei foi retirado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, devido à incapacidade republicana de chegar a um acordo sobre o texto legislativo.

“Parece que Trump nem se esforçou o quanto deveria. Obama teve de lidar com as negociações para a aprovação do Obamacare durante mais de um ano. Ele achou que conseguiria em duas semanas?”, questiona o cientista político americano Paul Musgrave, da Universidade Massachusetts-Amherst.

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Alas mais conservadoras do partido acreditavam que a reforma não era radical o bastante, pois ainda mantinha muitos dos benefícios obrigatórios instituídos pelo Obamacare, como assistência à maternidade e à saúde mental e consultas de prevenção. A principal oposição foi liderada pelo Freedom Caucus, uma ala de extrema-direita da legenda.

Mas não foram somente os mais conservadores que se opuseram. Grupos moderados ficaram preocupados com a estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso de que 24 milhões de americanos ficariam sem seguro com o novo programa e também se recusaram a votar a favor da legislação. Mesmo todos os esforços de conciliação e angariação de votos de Paul Ryan e outros líderes não foram suficientes para alinhar todos os membros em torno de um único objetivo.

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Republicanos em baixa

A queda na popularidade de Donald Trump também é uma ameaça para o Partido Republicano. A dificuldade em conquistar apoio nas eleições especiais no Kansas e na Georgia, organizadas para substituir os assentos vagos após a nomeação dos ex-congressistas para pastas da atual administração, tem relação direta com a desaprovação do governo federal.

No Kansas, por exemplo, o candidato republicano Ron Estes ganhou a votação de 11 de abril do seu oponente democrata por uma margem de apenas 7%. O pleito foi realizado para encontrar um substituo para Mike Pompeo no Congresso após sua nomeação como diretor da CIA. A mudança na percepção de popularidade da legenda no estado é busca. No ano passado, Trump venceu Hillary Clinton nas eleições presidenciais com quase 30% no Kansas.

Os altos números de rejeição aos legisladores do partido na Câmara dos Deputados e no Senado também indicam que o governo Trump pode estar prejudicando os republicanos. Uma pesquisa do site FiveThirtyEight concluiu que o apoio popular atual dos políticos do grupo é o pior que qualquer legenda que mantém maioria nas Casas já teve desde 1954. A diferença em relação aos democratas também é considerável: 39,9% de aprovação contra 45% dos rivais.

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Esta conjuntura dá aos republicanos todas as razões para se afastar da Casa Branca de Donald Trump e continuar brecando os projetos propostos por sua administração nas votações do Congresso. “O cenário mais provável é uma busca de equilíbrio responsável, onde a parte mais palatável da agenda presidencial seja aprovada e os temas mais controversos sejam postergados”, diz Emmanuel Junior.

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