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Trayvon Martin poderia ter sido eu, diz Obama sobre jovem morto

Mais uma vez, presidente americano tenta fazer uso político do caso. Ele defende reexame de leis de autodefesa como a existente na Flórida, onde o crime ocorreu

Por Da Redação
19 jul 2013, 18h30

Na primeira vez em que se pronunciou sobre a morte do jovem negro Trayvon Martin, no ano passado, Barack Obama foi criticado por pré-candidatos republicanos. Era início da corrida presidencial. Ele havia dito que, se tivesse um filho, ele se pareceria com Martin. Mais de um ano depois, o democrata faz uma associação semelhante, ao dizer que “Trayvon Martin poderia ter sido eu 35 anos atrás”. Foi o primeiro comentário ao vivo do presidente desde a absolvição de George Zimmerman no último final de semana. O vigilante comunitário que atirou no jovem foi inocentado com base na tese de legítima defesa. Antes da fala desta sexta, Obama havia apenas divulgado um comunicado. Ele não precisaria mais falar sobre o caso, mas forçou a volta do tema.

Um julgamento legítimo, realizado sobre uma base jurídica sólida, está sendo tratado como causa política por Obama. Nesta sexta, ele fez um pronunciamento surpresa a jornalistas na Casa Branca, falando de improviso. A questão racial foi um dos pontos principais. “Há bem poucos homens afro-americanos neste país que não passaram pela experiência de serem seguidos ao entrar em uma loja de departamentos ou em um shopping”, disse, citando outras situações que, segundo o presidente, ajudam a explicar como a comunidade afro-americana viu o que aconteceu na Flórida – onde o crime ocorreu e onde Zimmerman foi julgado. “A comunidade afro-americana também tem consciência de que há uma história de disparidades raciais na aplicação de nossas leis penais”.

As Leis estaduais, como a existente na Flórida, que permitem a uma pessoa usar força letal caso se sinta ameaçada, foram alvo de Obama. “Seria útil para nós examinar algumas leis estaduais e locais para ver se elas foram elaboradas de forma a encorajar confrontos e tragédias como a que vimos no caso da Flórida, ao invés de evitar potenciais alterações”.

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O democrata falou sobre a lei conhecida como “stand your ground” (defenda sua posição), mesmo sabendo que ela não foi usada na defesa de Zimmerman, que se apoiou no argumento de que o vigilante comunitário não teve chance de fugir, depois que o jovem reagiu à abordagem. Mesmo assim, o presidente insistiu que esse tipo de regra envia uma mensagem errada à população: a de que alguém potencialmente armado tem o direito de usar a arma mesmo se puder sair da situação de confronto. “Seria justificável se Trayvon Martin atirasse no senhor Zimmerman, que o seguiu em um carro, porque se sentiu ameaçado?”, questionou Obama, dizendo que, se a resposta for ambígua, é o caso de se reexaminar esse tipo de legislação.

O secretário de Justiça, Eric Holder, que vinha sendo o porta-voz da administração sobre o caso, já havia defendido uma revisão da lei “stand your ground” que é adotada em trinta estados americanos. Com esse discurso, o governo atinge grupos defensores do direto ao porte de armas, que já reagiram às declarações de Holder. “A Associação Nacional do Rifle vai lutar contra qualquer esforço para diminuir o direito à autodefesa de americanos que cumprem a lei”, afirmou Andrew Arulanandam, porta-voz da entidade, uma das mais fortes no lobby pró-armas nos EUA.

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Em uma reportagem citando os motivos pelos quais dificilmente esse tipo de legislação será repelida, apesar dos esforços do governo democrata, o jornal The Washington Post cita ainda o fato de a maior parte dos estados que adotam a regra serem comandados por republicanos.

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Mas, para Obama, o caso tem sido usado para reviver a discussão sobre o controle de armas, que o presidente apresentou como prioridade, depois do massacre em uma escola primária em Newtown, Connecticut, em dezembro do ano passado. Mesmo sabendo que o pacote de medidas proposto ao Congresso tem grandes chances de apresentar o mesmo resultado nulo de esforços anteriores nesse sentido.

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Acusações – Antes de defender um reexame de leis de autodefesa, o democrata tentou reduzir a expectativa de grupos defensores de direitos civis que pressionam o governo a apresentar acusações contra Zimmerman com base em violação aos direitos civis. Depois da absolvição do vigilante, o Departamento de Estado anunciou que continuaria a investigar o caso com este objetivo, mas o fato é que não há como provar que ele matou Martin movido por questões raciais. Até mesmo interrogatórios realizados pelo FBI com pessoas que conhecem o vigia – que é filho de mãe peruana – afastaram essa possibilidade. Ou seja, Holder prometeu algo que muito provavelmente não vai dar em nada, só para atender às pressões de ativistas. Agora, a administração tenta corrigir o rumo: “Há alguma coisa concreta que nós possamos fazer? Eu sei que Eric Holder está revisando o que aconteceu lá [na Flórida], mas acho que é importante para as pessoas terem algumas expectativas claras. Tradicionalmente, esses assuntos são tratados pelos governos estaduais e locais e não em nível federal”, avisou Obama.

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