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Regime mais fechado do mundo não deve mudar nos primeiros anos após a sucessão

A longo prazo, contudo, filho de Kim Jong-il poderá ser obrigado a pensar em abertura para lidar com problemas econômicos do país

Por Mariana Pereira de Almeida
18 set 2010, 12h53

A Coreia do Norte não deve sofrer grandes transformações nos primeiros anos após a transição de poder entre Kim Jong-il e seu filho caçula, Kim Jong-un. Inicialmente, Kim Jong-un deve ter apenas um papel simbólico e as decisões importantes continuarão sendo tomadas por Jang Song Thaek, cunhado do ditador, que está à frente do governo desde que Kim Jong-il teve um derrame em 2008.

As especulações sobre a sucessão aumentaram nesta semana, quando o Partido Comunista iniciou diversas reuniões, que teriam como objetivo discutir a escolha da nova liderança e seriam consideradas as mais importantes dos últimos 30 anos. No entanto, outras informações indicam que a transição no país mais fechado e isolado do mundo vem sendo preparada há pelo menos um ano.

Além da preferência escancarada de Kim Jong-il pelo filho caçula – em detrimento dos dois mais velhos -, Kim Jong-un representaria a continuidade do regime. “O fato de ele ser jovem e inexperiente é uma vantagem para as forças conservadoras na liderança do partido, que não querem nenhuma mudança”, disse ao site de VEJA Charles Armstrong, diretor do Centro de Pesquisas Coreanas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. “O regime da Coreia do Norte trabalhou duro para fazer uma transição suave. Nada deve mudar nos próximos três anos”, acrescentou.

Segundo Armstrong, o cunhado de Kim Jong-il continuará tomando as decisões políticas importantes, até que o jovem herdeiro esteja preparado. Jang Song Thaek – marido da irmã do ditador – estaria ensinando a Kim Jong-un os segredos do poder. “Pelo sistema da Coreia do Norte, havia necessidade de selecionar um descendente direto da família Kim para assumir, como em uma monarquia. Então, Kim Jong-il escolheu o filho mais novo. Mas, por enquanto quem governa é Thaek”, explica o especialista.

Abertura – Apesar de ser muito parecido com o pai, Kim Jong-un foi educado na Suíça, o que faz analistas pensarem que, a longo prazo, ele pode trazer novidades à Coreia do Norte. “É difícil prever quais mudanças. Mas, um jovem e multilíngue líder, educado na Europa, certamente pode trazer modificações ao país”, afirma Gilmar Masieiro, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA) e membro do Grupo de Estudos de Ásia-Pacífico da PUC-SP.

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Para Armstrong, essas mudanças podem aparecer em alguns anos, quando Kim Jong-un estiver mais estabelecido no poder. “Ele pode levar o país rumo à abertura econômica e até à reforma política”, disse.

Isolamento – A nova liderança também pode acelerar, dentro de algum tempo, um processo de aproximação com a Coreia do Sul e até com os Estados Unidos, o que vem sendo sinalizado de maneira tímida pelo atual regime. “Nós já estamos vendo algum progresso nos últimos dias. Apesar da tensão com a corveta Cheonan (cujo afundamento em março, matando 46 marinheiros, foi atribuído à Coreia do Norte), os governos do norte e do sul têm discutido formas de cooperação”, afirmou Armstrong.

A Coreia do Norte também vive uma situação econômica complicada. O país depende da ajuda humanitária da ONU e do comércio com a China. Alexandre Uehara, especialista em Ásia e membro do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (Gacint- SP), ressalta que o isolamento em relação à comunidade internacional tem sido ruim para o país. “Além disso, parceiros como os chineses querem que Pyongyang tenha uma relação melhor com o resto do mundo. Afinal, se houver um conflito, as duas grandes potências econômicas – China e EUA – ficariam em lados diferentes, o que não é interessante para ninguém”, afirmou.

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