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Quase 100.000 fugiram da Líbia na última semana, diz ONU

No sábado, o Conselho de Segurança impôs sanções contra o regime de Kadafi

Por Da Redação
27 fev 2011, 12h23

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) estimou neste domingo em quase 100.000 o número de pessoas que fugiram da Líbia nos últimos dias para escapar da repressão do regime político de Muamar Kadafi contra a mobilização popular. O levantamento sobre a debandada no país é divulgado um dia depois de o Conselho de Segurança da ONU aprovar por unanimidade uma resolução que envia a Trípoli a firme mensagem de que a comunidade internacional não tolera as violações sistemáticas dos direitos humanos nem os ataques contra a população. Diplomatas calculam que o número de mortos após 10 dias de repressão chegaria a 2.000 pessoas.

O Acnur estabeleceu equipes de emergência nas divisas da Líbia com Tunísia e Egito para ajudar as autoridades locais e ONGs presentes no local a lidarem com a catástrofe humanitária. Segundo o governo tunisiano, desde o último dia 20, 40.000 pessoas atravessaram sua fronteira. Deles, 18.000 eram tunisianos, 15.000 egípcios, 2.500 líbios e 2.000 chineses. As autoridades egípcias, por sua vez, assinalaram que cerca de 55.000 pessoas haviam cruzado sua fronteira desde o dia 19. Desses, 46.000 eram egípcios, 2.100 líbios e 6.900 de nacionalidades diversas, especialmente asiáticos.

“Estamos comprometidos a ajudar qualquer pessoa que fuja da Líbia. Fazemos um apelo à comunidade internacional para que responda rápido e com generosidade para ajudar esses governos a enfrentarem a emergência humanitária”, assinalou o alto comissário António Guterres, citado em comunicado. O Acnur também está auxiliando pessoas sem passaportes válidos em terras sem controle entre Líbia e Egito.

Brasileiros – Os brasileiros também seguem deixando o país. O último grupo, formado por 148 pessoas, entre funcionários da construtora Queiroz Galvão e seus familiares, embarcou na manhã deste domingo em um navio que chegou ao porto de Pireu, em Atenas, na Grécia, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.

Eles estavam retidos no país devido aos conflitos após protestos contra o regime de Kadafi, que está no poder desde 1969. A embarcação havia partido de Benghazi, um dos focos do conflito entre manifestantes e forças do governo, na manhã de sábado. Todos haviam embarcado na sexta, mas o mau tempo impediu que a viagem começasse no mesmo dia.

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O governo brasileiro informou que a viagem transcorreu sem problemas e que todos estão bem. A operação foi organizada pela embaixada brasileira em Atenas e paga pela Queiroz Galvão. Na segunda, eles embarcam de avião para o Brasil, em voo que fará escala em Portugal. Além de brasileiros, cidadãos de outras nacionalidades também estavam a bordo.

Sanções – A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, assegurou neste domingo que a União Europeia tomará “com urgência” medidas contra Kadafi, como o congelamento de seus fundos, a proibição de viajar e o embargo de armas, na mesma linha da resolução do Conselho de Segurança da ONU, que na noite de sábado decidiu, de maneira unânime, impor sanções de viagens e bens ao ditador e seus aliados próximos, aumentando a pressão sobre ele para que renuncie antes que mais sangue seja derramado em protestos populares contra seu governo.

“A UE respalda totalmente esta resolução e imporá medidas restritivas com urgência”, enfatizou a alta representante em comunicado divulgado nesta madrugada. “A adoção formal acontecerá tão em breve quanto possível para assegurar sua aplicação completa e imediata”, acrescentou. A também vice-presidente da Comissão Europeia explicou que está em contato com parceiros internacionais como a ONU e os Estados Unidos para discutir os seguintes passos.

ONU – O Conselho de Segurança da ONU também adotou um embargo de armas e pediu que a violenta repressão contra os manifestantes que se opõem ao coronel seja enviada ao Tribunal Criminal Internacional para investigar e possivelmente processar os responsáveis pelas mortes de civis. Quinze países aprovaram a resolução horas depois que a polícia de Kadafi abandonou partes da capital Trípoli e que os Estados Unidos disseram que ele deve deixar o poder.

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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, considerou que a resolução é um “passo vital para o fim da repressão na Líbia”, além de que proporciona alívio às vítimas. Ele acrescentou ainda que os ataques do regime líbio contra a população “são uma clara violação de todas as normas que regem o comportamento internacional e uma séria transgressão da lei internacional e dos direitos humanos”. E reiterou: “São inaceitáveis”.

Para ele, as sanções são também um passo necessário para “acelerar a transição rumo a um novo sistema de governo que inclua o consentimento e a participação do povo”, além de indicar que acompanhará de perto a situação e o contato com os líderes regionais. O secretário expressou ainda sua solidariedade ao povo líbio ao fazer frente aos ataques, assim como pela carestia de alimentos e remédios, e lhes desejou um “novo e em breve futuro pacífico, próspero e democrático”.

O secretário-geral da ONU se referiu igualmente a que nos próximos dias buscará “passos similares” da Assembleia Geral, que no começo desta semana terá que submeter à votação a recomendação do Conselho de Direitos Humanos (CDH) do organismo para que a Líbia seja expulsa desse fórum com sede em Genebra.

(Com agências EFE e Reuters)

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