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Premiê turco anuncia que será candidato a presidente

Movimento faz parte de plano do AKP para se eternizar no poder. Erdogan pretende ampliar poderes do presidente, que hoje cumpre função simbólica

Por Da Redação
1 jul 2014, 14h44

Depois de mais de uma década no poder, o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan anunciou nesta terça-feira que será candidato nas primeiras eleições presidenciais pelo voto popular da Turquia. Ele é o favorito para o pleito, marcado para 10 de agosto. “Com a eleição direta do presidente pelo povo, a posição do presidente será elevada e vai recuperar sua força original para assegurar a unidade do Estado e do povo”, disse Erdogan em discurso de lançamento de campanha na capital, Ancara, acompanhado por 4 000 membros do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). O premiê disse ainda que, se eleito, governará “para todos”.

Hoje, o presidente desempenha uma função cerimonial no país. O plano de Erdogan é dar novos poderes ao cargo. Seus aliados preparam o terreno para que ele tenha poderes ampliados na presidência, ressaltando que o presidente já pode aprovar ou vetar leis, indicar reitores de universidades e nomear integrantes do judiciário. O próprio premiê já sugeriu que pretende usar totalmente os poderes presidenciais, incluindo o de convocar reuniões de gabinete, o que lhe daria tanta autoridade quanto a que desfruta como primeiro-ministro.

Autoridade que ele usou de forma mais cada vez mais autoritária desde que assumiu o poder, em 2002. Erdogan e o AKP só pensam em se eternizar no comando do país. Um dos caminhos para a consecução do plano é dar força cada vez maior aos religiosos islâmicos, ferindo a característica mais admirada da Turquia, que foi a separação entre a Igreja e o Estado. O premiê prendeu generais defensores do Estado laico e jornalistas de oposição e passou a controlar fortemente o fluxo de informação. Seu apoio vem da parcela mais religiosa da população, que é maioria nas áreas rurais e vive submetida ao clero islâmico. Nem mesmo os protestos contra a islamização da Turquia promovida pelo seu governo ou as denúncias de corrupção abalaram sua popularidade. A base eleitoral garantiu ao AKP a vitória em seis eleições consecutivas em nível nacional e local.

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Uma questão que fica em aberto com a indicação de Erdogan para disputar a presidência é o futuro político do atual presidente, Abdullah Gul, que ajudou a fundar o AKP. Visto como uma figura mais conciliatória do que Erdogan, ele poderia trocar de posição com o premiê. No entanto, com a mudança no status do presidente, que já é articulada pelo partido, o futuro primeiro-ministro deverá ser ofuscado. “Não importa muito se Erdogan é primeiro-ministro ou presidente porque ele criou um sistema de poder concentrado em suas próprias mãos, habilitando-o a compor o governo de forma a garantir que ele tenha exatamente a influência que deseja”, disse ao jornal The New York Times Svante E. Cornell, analista turco e diretor do Instituto Ásia Central-Cáucaso.

Ele enfrentará nas eleições o candidato de dois dos principais partidos de oposição – o secular Partido do Povo Republicano e o Partido do Movimento Nacionalista – Ekmeleddin Ihsanoglu, ex-presidente da Organização para Cooperação Islâmica, e também Selahattin Demirtas, candidato dos partidos pró-curdos. Se vencer, como tudo indica, Erdogan terá um mandato de cinco anos pela frente, mas não deverá parar por aí. Ele já deixou claro que pretende ser o comandante do país em 2023, no centésimo aniversário da origem da Turquia moderna – e secular – fundada por Kemal Ataturk.

(Com agência Reuters e Estadão Conteúdo)

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